Carta aberta a José Serra

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Prezado candidato José Serra,

Quem lhe escreve é alguém que já foi seu eleitor para deputado e senador, em tempos idos, mas que, hoje, retirou qualquer apoio que lhe possa ter dado um dia. Serei eleitor de Dilma Rousseff, neste ano, como fui do presidente Lula em 1989, 1994, 1998, 2002 e 2006. E sou um crítico contundente da atuação político-administrativa do senhor.

Candidato, escrevo à luz das últimas pesquisas de opinião, que mostram uma tendência do eleitorado que, não entendo por que, vem surpreendo a alguns. Particularmente, como muitos outros blogueiros e jornalistas de fora da grande mídia, não me surpreendi com o que está acontecendo.

Mas não quero que pense que esta missiva tem pretensões de tripudiar ou de agredir. Escrevo meramente para lhe fazer um pedido absolutamente desvinculado dos interesses de seus adversários. É um pedido em benefício da democracia brasileira.

O prezado candidato tem todo direito de lutar até o fim pela própria candidatura, mas ousarei lhe fazer uma sugestão que, sendo absolutamente sincero, pode ser até do seu interesse pessoal.

Ainda que alguns dos integrantes de sua campanha possam dizer o contrário, julgo que o uso dos ataques e das denúncias que penso estar nos planos de algumas vertentes desse grupo político constituir-se-ão em desrespeito aos eleitores.

Governador Serra, o Brasil não merece uma campanha baixa, com mais ataques à honra de seus adversários e lances de esperteza como o do uso da imagem de seu maior adversário, o qual o grupo político que o senhor integra tanto atacou nos últimos anos.

Provavelmente, esta carta terá sido em vão. Concordo que o senhor pense que se alguém como este missivista lhe diz para fazer uma coisa, o certo será fazer exatamente o contrário. Se eu não conseguir demovê-lo das estratégias que tentarão em seu nome, portanto, peço apenas para que reflita depois de que foi avisado.

Acredito que da estratégia que já se convencionou chamar de “bala de prata”, estratégia de ataque à honra que os meios de comunicação que o admiram e defendem ajudarão o PSDB a disparar contra Dilma Rousseff na reta final do primeiro turno, será trágica para a democracia e para a sua própria imagem, candidato.

Concluo, portanto, reiterando este apelo ao seu bom senso. Se lhe restar um grama de dúvida, rogo para que consulte pessoas de sua confiança com diferentes opiniões sobre o assunto e que pondere muito bem sobre o que disser cada uma.

Atenciosamente,

Eduardo Guimarães