Dividir para conquistar

No dia seguinte ao da entrevista dos blogueiros progressistas com o presidente Lula, todos os grandes jornais dedicaram extenso espaço para nos atacar. Jornais como Folha de São Paulo ou Estadão, que simplesmente não cobrem criticamente o desastroso governo tucano de São Paulo, que já caminha para completar 20 anos, investiram com fúria contra nós, chamando-nos de “chapas-brancas” e outros mimos.

Divertimo-nos com o noticiário. Esperávamos por ele. Contudo, jamais imaginaríamos que ataque bem mais eficiente estava sendo preparado no âmbito de um plano que, se realmente se confirmar que existiu, poderá ser considerado genial – e uma das características do mal é a sua inteligência perversa.

Como desmoralizar os blogueiros progressistas que incomodaram tanto a direita tucano-pefelê-midiática durante a eleição que José Serra lhes dedicou reiterados ataques, chamando-os de sujos etc.? Como pôr fim à organização da blogosfera que, por sua amplitude, incomoda a mídia tradicional a ponto de ela passar a demonizar os blogs progressistas em suas colunas de opinião, fazendo ataques à honra de blogueiros como Luis Nassif ou Luis Carlos Azenha?

O domínio do mundo pelo Império Romano baseou-se em uma tática que, enquanto foi usada de forma competente, permitiu vitória sobre vitória daquele império. Consistia em dividir aliados, pois era mais fácil derrotá-los individualmente. Dividir para conquistar, portanto, é uma tática que remonta aos primórdios da era cristã – ou ao estertor da era anterior a Cristo.

Muita gente embarcou naquilo que vai me parecendo uma tática da direita para desmoralizar uma rede de blogs que se formou a partir de blogueiros pioneiros que se inspiraram na blogosfera democrata que ajudou Barack Obama a chegar ao poder, uma tática que vai tendo êxito onde a grande mídia falhou.

A partir de um equívoco do jornalista e blogueiro Luis Nassif, que decidiu enfrentar a revista Veja divulgando seus métodos e suas trapaças em uma série histórica publicada em seu blog, uma figura de posições políticas dúbias fez um link entre o caso “feminazi” e blogueiros como este que escreve e Conceição Lemes, Conceição Oliveira,  Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna, Paulo Henrique Amorim, Altamiro Borges.

Essa figura tem nome: Idelber Avelar.

O sujeito é um acadêmico que vive nos Estados Unidos e que se arvorou em especialista em uma blogosfera que teve papel tão importante no último processo eleitoral brasileiro – no qual o acadêmico não teve papel algum – e que se tornou alvo da imprensa golpista, do candidato José Serra e que fez o presidente Lula conceder uma entrevista exclusiva a esses blogueiros.

Mas o que moveu esse indivíduo? Ciúme não foi, porque devido aos seus títulos e à sua audiência chegou a ser convidado para integrar o time dos blogueiros progressistas e até a participar da entrevista com o presidente Lula.

Recebi algumas informações de leitores e eu mesmo comecei a pesquisar e cheguei ao que pode ser o começo da explicação da investida do tal acadêmico-blogueiro contra todos os blogs que mais incomodam a direita tucano-pefelê-midiática.

O tal Avelar vem fustigando Luis Nassif não é de hoje. Por suas relações com Soninha Francine e seu assessor Gravataí Merengue, que criou um blog anônimo para difamar Nassif, Avelar, em abril de 2008, publicou um post atacando o mesmo Nassif e defendendo a Veja, sob o sugestivo título “Nassif dá tiro no pé: o assassinato de reputação contra Janaína Leite e o gol de placa de Gravataí Merengue”.

Nassif é alvo de Avelar não é de hoje. O caso das “feminazi” foi apenas um pretexto para atacar o adversário episodicamente combalido por um erro seu e pelo radicalismo de alguns militantes que deram ao inegável erro de Nassif uma dimensão muito além do razoável.

Mais adiante, devido à péssima repercussão de suas posições, o tal Avelar recuou, possivelmente de forma a manter o disfarce. Mas suas relações de amizade com essa turma permitem supor que pode – apenas pode – haver muito mais aí nesse link estúpido feito pelo sujeito do que simples arrogância.

Quem garante, porém, que, além do próprio Avelar, muitos dos que andaram pondo lenha na fogueira no twitter e nos blogs não estão a serviço da mesma direita que, por meio de seus jornais, revistas, portais de internet, televisões e rádios não conseguiu desmoralizar os blogueiros “sujos” e progressistas?

Quem sabe o que é a Veja e se diz de esquerda, jamais se colocaria ao lado do tentáculo mais asqueroso da imprensa golpista e, sobretudo, de gente como Soninha e Gravataí. Por conta disso, percebo que há muito inocente útil misturado com gente que está insuflando a demonização de Nassif e, agora, de blogueiros progressistas que nada tiveram que ver com o erro dele.

Haverá outros capítulos desta novela.