Mídia demo-tucana já faz menção à relação entre Veja e Cachoeira

Análise

Está caindo a ficha da grande mídia demo-tucana quanto ao potencial explosivo da vindoura Comissão Parlamentar de Inquérito que investigará as relações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e empresas privadas, sem prejuízo de suas relações com o governo de Goiás e, sobretudo, com órgãos de imprensa ligados ao PSDB e ao DEM, como a revista Veja. Essa tomada de consciência transparece em denúncias fracas que essa mídia está fazendo ao PT.

A tentativa da grande mídia de envolver também o PT em um escândalo que atinge em cheio dois expoentes da oposição – o senador Demóstenes Torres, do DEM (agora desfiliado), e o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo – é absolutamente frágil e busca, apenas, tentar induzir a sociedade à crença de que o partido do governo estaria envolvido com um criminoso que, agora se sabe, é responsável pelas maiores denúncias contra petistas durante a década passada.

As denúncias da mídia contra o PT em nada se comparam ao envolvimento de Perillo com Cachoeira, que transparece em dezenas de nomeações e contratos com o governo de Goiás.

Está sendo usada gravação da Polícia Federal, feita no ano passado, na qual Claudio Abreu, à época diretor da empreiteira Delta, aparece conversando com o araponga Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, um dos braços-direitos do bicheiro, sobre tentativa de suborno de Claudio Monteiro, chefe de gabinete do governador de Brasília, Agnelo Queiróz (PT), para que facilite manutenção de contrato de limpeza urbana firmado pelo governo anterior, do demo José Roberto Arruda.

Além disso, também está sendo difundida, com grande destaque, menção da quadrilha de Cachoeira ao subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais do governo Dilma, Olavo Noleto.

Contudo, as acusações são tão frágeis que a Polícia Federal não indiciou nenhuma dessas pessoas. A exposição desproporcional dessas escutas que a mídia pretende que atinjam ao PT visa apenas ludibriar a sociedade, fazendo-a pensar que o escândalo em questão seria “suprapartidário”, o que é um absurdo porque escutas da PF mostram que o bicheiro Carlinhos Cachoeira esteve por trás de grande parte das acusações da Veja ao PT.

O ataque da mídia tucana ao PT se torna ainda mais absurdo quando se nota que uma das informações mais estarrecedoras oriunda das escutas da PF, a que versa sobre o envolvimento da Veja com Cachoeira, até agora não havia sido divulgada por nenhum desses grandes meios de comunicação.

Todavia, isso mudou nesta quarta-feira (11/04). A Folha publicou “análise” de seu colunista Fernando Rodrigues em que, ao acusar o PT de “ira mal-resolvida” contra PSDB e DEM por suas condutas durante o escândalo do mensalão, acaba citando um caso que a mídia terá que divulgar, pois o deputado federal do PT de Pernambuco Fernando Ferro já avisou que fará requerimento à CPI pedindo convocação – não será convite, mas convocação – de Roberto Civita, dono da editora Abril, que edita a Veja.

Fernando Rodrigues distorce os fatos na página A7 da Folha de São Paulo de quarta-feira 11 de abril ao dizer que “(…) Os governistas vislumbram a possibilidade de usar a CPI do Cachoeira para constranger jornalistas que usaram as informações do empresário na apuração de reportagens (…)”.

Na verdade, as gravações mostram o bicheiro confraternizando com o editor da Veja Policarpo Jr. por ataques que a revista fizera ao governador petista de Brasília, Agnelo Queiróz. Em outro ponto, as escutas mostram membros da quadrilha afirmando que praticamente todas as matérias da Veja contra o PT partiram de seu chefe, Cachoeira. Há centenas de telefonemas trocados entre Policarpo e Cachoeira que mostram relação íntima entre o bicheiro e a revista.

Até aqui, não há nada minimamente comparável entre petistas e Cachoeira ao que há envolvendo a oposição. Podem até surgir relações do bicheiro com alguém da base aliada, mas o forte empenho do PT, de Lula e do governo Dilma para que a CPI seja instalada mostram que o governismo está disposto a finalmente escancarar a espantosa promiscuidade da mídia demo-tucana e da oposição com o crime organizado.