As doze primaveras de Victoria

Crônica

Naquele dia seis de outubro de 1998, há doze anos, eu e meus filhos Carla (28), Gabriela (24) e André (22) assistíamos preocupados à mãe deles desaparecer pela porta do centro cirúrgico do mesmo hospital em que nos últimos doze meses e tanto aquela que nasceria a seguir permaneceria internada por mais de nove meses.

Sim, nessa linguagem da mente tentei dizer que neste seis de outubro a menina que tem recebido tanto carinho neste blog, a minha filha Victoria, completa sua 12ª primavera entre nós.

O aniversário de minha filha foi recebido por uma manhã gloriosa e ensolarada nesta São Paulo que nos vinha negando manhãs assim há vários dias. E Victoria despertou sorrindo.

Hoje é um dia de alegria, na família Guimarães. Enquanto escrevo, acercam-se da aniversariante a mãe, Cristina, e nossos filhos Carla e André, minha neta Letícia (9) e meu genro Fábio (30). Ainda está conosco a baianinha Heidi, a enfermeira de 25 anos de minha caçulinha que fica mais “velha” hoje.

Ano passado, Victoria completou onze anos internada na UTI. Foi um dia de grande aflição. Ela estava em um de seus “mergulhos” mais profundos, do ponto de vista de sua saúde física. Um ano depois, está lá, na sala de visitas do apartamento, sorridente e, acredite quem quiser, 12 quilos mais gorda do que há um ano, quando pesava 19 quilos.

Que mais um homem pode querer? E isso depois deste dia triste em que ficamos sabendo do caso da garotinha da idade da minha neta que foi vítima de “bullying eleitoral” na escola. Neste momento, penso no homem afortunado que sou.

Talvez, porém, mais do que eu  mereça, pois não tenho tido maior sucesso em garantir que o país que deixarei à filha da minha filha seja melhor do que este em que pus a mãe dela, mesmo que tenha conseguido proteger a infância de três filhos já criados, que hoje posso dizer cidadãos cumpridores dos seus deveres.

Certamente deve ser mais do que mereço…