Na mira da turma do Serra

Aviso

Há mais de dois anos guardo uma revolta dentro do peito que diante do cinismo e da vilania da direita tucano-midiática não posso mais conter. Melhor do que ninguém, sei o que faz gente como José Serra quando chega ao poder e sinto que tenho obrigação de contar por quê.

Para quem não me conhece, devo explicar que tenho uma filha de 12 anos, Victoria, que sofre de paralisia cerebral (Síndrome de Rett). No início de 2008, a doença de minha filha começou a se agravar. Sintomas como escoliose e crises epilépticas começaram a se pronunciar.

Os médicos nos orientaram a colocar a nossa filha em uma dessas clínicas em que crianças como ela – que, então, tinha dez anos – recebem terapias e estímulos pelo menos 5 dias por semana durante todo o período diurno.

Essas instituições, se privadas, são caríssimas, além da capacidade financeira da minha família. E como os médicos diziam que ou Victoria recebia esse tratamento intensivo ou a sua doença passaria a progredir com maior velocidade, minha mulher, como mãe, apelou ao impensável.

Disseram a Cristina que havia uma instituição municipal de São Paulo que poderia acolher a minha filha e dar a ela o que necessitava, mas que era preciso um “pistolão” para conseguir a vaga e deu o nome de uma vereadora da base do governo da cidade de São Paulo.

Minha mulher entrou em contato com essa vereadora, que se prontificou a interceder por minha filha junto à instituição, mas cobrou de minha mulher que participasse de um ato público com ela.

Minha mulher se recusou, sob minha orientação – entre o pouco que escutou do que lhe avisei ao saber que se meteria com políticos –, mas, em novas ligações, conseguiu que a vereadora indicasse uma instituição.

Em contato com a instituição, foi informada de que, sim, havia uma vaga. Preencheu documentos, apresentou Victoria para que seu estado fosse mensurado e ficou aguardando a liberação da vaga para a menina.

No prazo estipulado, Cristina foi até a instituição já dando como certo a admissão de minha filha porque ela se encaixava perfeitamente no perfil de pacientes que por lá eram admitidos. Contudo, foi informada de que a vaga para a filha teria sido “cancelada”.

Minha mulher nem esperou sair da instituição para recorrer à tal vereadora, mas foi atendida por uma assessora que lhe disse que não teria como interceder por Victoria e que, “de mais a mais”, Cristina não havia revelado que a menina era “filha do blogueiro Eduardo Guimarães”.

Em seguida, a assessora disse que não tinha mais nada a conversar com a minha mulher e desligou. A mãe de Victoria não conseguiu mais falar com essa assessora porque ninguém atendia o telefone. E não conseguiu mais falar também com a vereadora nos dias seguintes.

À época, amigos jornalistas me exortaram a denunciar o caso. Contudo, minha mulher me impediu dizendo que “por causa dessa maldita política a nossa filha estava pagando com a saúde e talvez, futuramente, até com a vida”. E me proibiu de revelar este assunto.

Diante do cinismo de Serra, de seu jogo imundo, Cristina mudou de idéia. Pelo menos me autorizou a contar esta história para que as pessoas saibam que tipo de país teríamos se esse homem chegasse ao poder. Não só por ele, mas também por conta dos que o cercam.