A sexta década

Crônica

Entro hoje na sexta década de vida. Ontem, concluída (com êxito) a missão comercial na Argentina, dei-me ao desfrute de ir passear pela capital federal de país tão singular. Refletia sobre a data de hoje. Não creio que tenha sido uma reflexão muito alegre.

Aos 51 anos, não deveria me sentir velho, claro. Tampouco posso me considerar entre os que ainda têm tudo pela frente. Estou naquilo que chamam de “meia-idade”. Mas é inevitável a reflexão de que o mundo não é feito para pessoas que ingressam nesta fase da vida.

Fui a um shopping almoçar. Notava como todos eram jovens e como tudo que havia ali se dirigia a eles. Desde a música até as roupas. Não há uma grande indústria voltada para gente a partir desta faixa etária – a não ser a indústria hospitalar.

Em mais nove anos serei um sexagenário. Pela lei brasileira – se não me engano –, serei, então, oficialmente um idoso. Nove anos e ainda há tanto a fazer. Parece tão pouco tempo…

Ainda me lembro do primeiro beijo, do primeiro emprego, do primeiro carro, da primeira transa. Parece que foi ontem. No entanto, já estou saindo para passear com uma neta que tem quase o meu tamanho e que, em breve, entrará pela porta de casa com um namorado.

Enfim, escrevo antes de começar a fazer as malas para voltar ao Brasil. Meu vôo sai às 16 horas – que em Buenos Aires serão 15. Passarei 5/6 do meu aniversário em trânsito. Das 24 horas deste 4 de dezembro, terei apenas 4 com a família – devo chegar em casa às 20 horas.

Não terei condições práticas – ou psicológicas – de escrever sobre os assuntos que interessam aos leitores. Mas deixo-os com esta reflexão sobre a efemeridade da vida e sobre como devemos aproveitar-lhe cada segundo, por razões que se tornam óbvias neste post.