Os que odeiam homossexuais

Crônica

Os ataques a homossexuais em São Paulo continuam se sucedendo. E no mesmo local, a avenida Paulista, que vai se tornando vitrine da homofobia. Abaixo, o vídeo do último ataque, divulgado nesta sexta-feira pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

Neste ataque, como se vê, um homem jovem, mas bem diferente dos adolescentes que iniciaram a onda de ataques há algumas semanas, pois corpulento e aparentando  mais idade, caminha a passos mais rápidos do que uma dupla de rapazes e começa a desferir socos – supostamente, segundo a reportagem, usando um soco-inglês. Uma mulher interfere e consegue refrear o agressor enquanto os agredidos fogem.

É impressionante. Tanto esse ataque quanto o dos filhinhos de papai têm em comum o fato incontestável de que as vítimas não fizeram absolutamente nada que despertasse a violência que sofreram. Nem ao menos olhavam para os agressores, pois foram pegas de surpresa.

O que faz com que homens jovens sejam tomados por surtos psicóticos tão devastadores a ponto de fazê-los agir com violência tão desmedida? A sensação que se tem é a de que tanto os garotos quando o gorila do vídeo acima seriam capazes até de matar com as mãos nuas.

Não havendo ameaça ou algum tipo de ofensa inaceitável, alguém que age assim perdeu o controle de suas ações. A necessidade de extravasar essa fúria se torna tão grande que perde-se a consciência e mergulha-se em uma espécie de transe. Sem tal atitude, o agressor parece supor que sairá ultrajado daquele momento.

Mas que momento é esse? O que foi que esses homens jovens e saudáveis – ao menos fisicamente – vislumbraram em seres tão inofensivos que nada mais faziam além de demonstrarem afeto recíproco, e certamente de forma muito mais discreta do que muitos casais heterossexuais que, nas “baladas”, só faltam dar shows eróticos?

Não parece verossímil a hipótese de que pessoas que se sentem agredidas pela sugestão de sexo com o mesmo sexo, no fundo sintam que poderiam ser “contaminadas” por tal desejo? Essas pessoas não declaram abertamente que acreditam que jovens ou crianças poderiam passar a ter desejos homossexuais simplesmente ao vê-los diante de si? Não seria por que pensam em si mesmas?

Por muito tempo, a ciência chegou a tratar os homossexuais como “doentes”. É estranho como nunca pensaram sobre por que seria uma doença da mente racional do homem um comportamento que é comum em vários outros mamíferos, ao menos.

Vendo o comportamento irracional de pessoas como esses rapazes, fica claro que se a ciência não considera mais os homossexuais como doentes agora deve procurar  respostas sobre aqueles que sentem fúria diante de quem meramente sente uma forma diferente de amor.