O PIG sempre vence, no final

Opinião do blog

O Estado de São Paulo foi fundado em 1875; a Folha de São Paulo, em 1921; O Globo, em 1925; a Editora Abril, em 1950. Esses veículos são coração, cérebro e pulmões da imprensa golpista que finalmente reconheceu que deixou de ser imprensa para se transformar em partido político ao conspirar para estuprar a vontade do povo e implantar a ditadura militar no país.

Esses veículos sobreviveram a todos os governos. Algumas vezes, como na era Lula, perderam o poder de influir nos rumos do país. Dos que ousaram enfrentá-los, só Lula saiu incólume. Getúlio Vargas, por exemplo, foi levado ao suicídio por aquilo que o antecessor direto de Dilma Rousseff suportou estoicamente, uma artilharia incessante e sem limites que chegou a acusá-lo de ter “tentado estuprar” um adolescente e de ser “assassino”.

Não é exagero dizer, portanto, que essas quatro famílias midiáticas sempre estiveram acima das instituições e da própria sociedade. Chegamos a esse ponto porque todos os governos que se submeteram a elas encheram-nas de dinheiro público. Ou alguém acha que Globo, Folha, Veja e Estadão não receberam bilhões de dólares da ditadura que ajudaram a estabelecer e à qual deram apoio quase até o final de seus vinte anos de duração?

Vamos descobrindo, agora, que não havia divergência programática com Lula e que o ódio das famílias midiáticas se deveu apenas ao fato de que ele as enfrentava, dando seguidas declarações de que não se submeteria a elas, nunca tendo tido que almoçar com elas, prestigiá-las ou permitir, por exemplo, que indicassem pessoas para cargos importantes.

O caso de Emir Sader é emblemático no sentido de que é através da chantagem, da venda de “proteção” pseudo “jornalística” a governos que essas famílias se mantêm acima das instituições e da sociedade através dessas tantas décadas – e até século – em que mandam no Brasil.

A desculpa usada para contentar a mídia demitindo Sader, é fraquíssima.  Ninguém sabe direito em que contexto ele deu a tal declaração sobre “autismo” da ministra Ana de Hollanda. Com a história que tem, poderia ter sido chamado a uma reunião e convencido a se retratar publicamente. Isso foi feito? Alguém pode dizer que Sader se recusou a fazê-lo? Aliás, vale perguntar se ele sabia que a declaração que deu seria publicada, se não foi enganado.

Até poderia concordar com sua demissão se essa questão fosse esclarecida, mas, pelo que sei, ele nem foi ouvido. Deram-me até uma informação, ainda não confirmada, de que tentou se explicar e não lhe deram chance.

E mesmo que tenha sido dada a Sader a chance de se explicar e de recuar publicamente e ele tenha se negado – o que parece pouco provável que tenha acontecido porque ele já declarou que não foi bem assim, o que quis dizer –, expô-lo à execração pública de ser atacado até pelo Jornal Nacional é um crime contra a história do intelectual. Poderiam ter deixado que pedisse demissão.

Em geral, funcionários eminentes de governos recebem o benefício de pedir demissão para não aparecerem na mídia como demitidos. Até a Erenice Guerra, que se envolveu em suposta corrupção, foi dada essa chance. Demitir Sader pela imprensa, está claro que serviu à sanha vingativa da mídia sua inimiga.

Não vou nem aludir à Máfia americana, quando vende proteção. A imprensa golpista equipara-se às milícias dos morros cariocas que fazem justiçamentos cobrando proteção da comunidade. E quando digo cobrando, é em dinheiro mesmo. Ela cobra, aliás, bem mais, como todo justiceiro. Cobra poder. E, como se vê, consegue. Cedo ou tarde.