A avenida do terror

Crônica

Nada seria mais emblemático do estado de calamidade em que se encontra São Paulo do que é a espantosa avenida Paulista. Os seguidos ataques a homossexuais e nordestinos, entre outros, somam-se ao mais novo ataque violento na região.

Preste atenção na notícia a seguir, divulgada durante o segundo dia útil desta semana.

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“Foi a maior gritaria”, diz homem que ajudou a socorrer mulher esfaqueada na av. Paulista

Danúbia Guimarães*
Especial para o UOL Notícias
Em São Paulo

O coordenador de marketing Henry Ayres, de 25 anos, estava saindo do trabalho na segunda-feira (11), por volta das 17h, quando presenciou um morador de rua atacando com uma faca pessoas em um ponto de ônibus na avenida Paulista, em São Paulo. “Passei pelo ponto de ônibus em frente ao Trianon e vi um homem esfaqueando uma mulher. Foi a maior gritaria e a polícia logo saiu correndo atrás dele, no outro lado da rua”, relembra.

Ayres socorreu a cozinheira Lina Ferreira, de 38 anos, que teve ferimentos nas mãos e no rosto. Outro homem também foi atingido e está internado.

Ayres afirma que tentou parar um táxi para levar a vítima até um hospital, mas encontrou dificuldade. “Foi apenas o sexto táxi que parou ao ver o estado da mulher. Foi muito desesperador, não sabíamos bem onde foram os cortes, e como o sangue escorria pela roupa, achei que ela tinha sido atingida na barriga.” Ao chegar ao Hospital São Paulo, Lina foi atendida no pronto-socorro. “Estava muito cheio, todas as macas estavam ocupadas, atenderam ela em uma cadeira mesmo”, afirma.

Enquanto a cozinheira recebia os pontos na mão e no rosto, Ayres contou que entrou em contato com a chefe da vítima, que se prontificou a ir até o hospital. “Também liguei para o marido dela, que não sei se acreditou muito em mim e desligou. Logo em seguida, ele voltou a me ligar, querendo saber mais informações.” Lina foi atendida e liberada em seguida, após levar vários pontos em partes do rosto.

O responsável pelo crime foi preso e encaminhado ao 78º Distrito Policial (DP), nos Jardins, onde foi autuado por tentativa de homicídio. Segundo a polícia, ele era morador de rua e “surtou”. Na hora da prisão, o agressor disse que havia usado drogas –no depoimento essa informação não foi confirmada.

*Com informações da Agência Estado

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Isoladamente, trata-se de apenas mais um ato de loucura de uma pessoa. Somando-se aos outros casos que vêm ocorrendo na região, a coisa muda de figura. Mas o que mais impressiona, neste caso, nem é o ataque.

Já descobriu o que é? Se não for paulistano, já descobriu. Em que cidade deste país cinco taxistas se recusariam a socorrer uma pessoa ferida? Que outro povo, que não o da capital paulista, seria tão insensível ou aterrorizado?

Vivemos com medo, os paulistanos. Muito mais do que qualquer outro povo. Muitas vezes, tendo criminalidade até menor. É que os paulistanos não gostam de se envolver com ninguém. Tornamo-nos um povo insensível que caminha sobre os farrapos humanos estirados nas ruas.

Poderia ocorrer fato mais emblemático do caos paulista do que esse caso que se desenrolou naquela que se tornou a avenida do terror?