A reintegração de Delúbio ao PT

Opinião do blog

Não surpreendeu a reintegração do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares ao partido do qual foi expulso na esteira do escândalo do “mensalão do PT” (PSDB e DEM também têm acusações similares). Ele vinha se aproximando de lideranças petistas e de instâncias partidárias desde que esfriou o processo que o defenestrou em 2006.

Só para constar: naquele ano, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, denunciou Delúbio, José Dirceu, José Genoino e Sílvio Pereira ao STF como supostos chefes de uma “organização criminosa” que teria pagado deputados federais para votarem a favor das proposituras do governo Lula.

Devido ao fato de que a grande imprensa só bate na tecla do mensalão do PT e raramente na do mensalão do PSDB, e de que, apesar de noticiar mais o mensalão do DEM, não opina sobre o caso, fazendo isso, sistematicamente, só no caso do mensalão petista, os membros e simpatizantes do PT indignam-se com a publicidade desproporcional que se dá ao caso.

O senador tucano e mineiro Eduardo Azeredo foi denunciado formalmente pelo procurador Antônio Fernando de Sousa  e pelo Ministério Público de Minas Gerais por supostamente ter desviado dinheiro público, proporcionando prejuízos de R$ 2,7 milhões ao seu Estado quando o governou entre 1995 e 1998. A mídia esconde.

Delúbio era tesoureiro do PT quando foi acusado e expulso do partido por conta das acusações; Azeredo era PRESIDENTE do PSDB, foi acusado de crimes ainda piores e o máximo que aconteceu com ele foi deixar a presidência do partido.

A mídia está questionando o PT por reintegrar Delúbio aos seus quadros, mas jamais questionou que Azeredo nem ao menos tivesse sido expulso. Detalhe: não há provas cabais contra nenhum dos dois e ambos ainda não foram julgados. Pela lei brasileira, portanto, ambos são inocentes.

Surge a pergunta: por que o PT expulsou Delúbio e o PSDB manteve Azeredo se esses homens estão sendo acusados de crimes da mesma natureza?

O que ocorre é que a grande mídia só tentou tornar o suposto erro de um deles como sendo erro do partido a que estava filiado, e esse erro foi o de Delúbio. Em 2006, próximo à campanha eleitoral em que Lula se reelegeu, portanto, o PT foi o único que a mídia encurralou com o suposto erro de um membro.

À luz do Direito, a mídia agiu bem com Azeredo e o PSDB e mal com Delúbio e o PT. Estes, foram criminalizados sem julgamento e aqueles, poupados sob o argumento de que o tucano acusado de corrupção ainda não fora julgado.

Não se pode negar, porém, que o PT errou em 2006. Não deveria ter expulsado Delúbio só para satisfazer a sede de sangue da mídia. Agora, acertou, pôs as coisas no lugar. O PT, portanto, erra ao explicar por que reintegrou Delúbio aos seus quadros.

A explicação do partido de que Delúbio foi reintegrado porque “ninguém pode ser punido para sempre” e porque já teria “pago pelo seu erro”, é absurda porque dá como certo que o ex-tesoureiro cometeu o crime apesar de que ainda não foi julgado, e porque, se cometeu mesmo tal crime, expulsá-lo por cinco anos é pena muito branda.