O que espero dos políticos

Crônica

Creio ser em boa hora que esclarecerei, de uma vez por todas, o que é que me move a fazer este blog e a militar politicamente, ainda que independentemente de partidos políticos ou de quaisquer outros tipos de corporações. Estou certo de que até aqueles que se opõem às minhas idéias me concederão que o que direi é a expressão da verdade.

Voto no PT desde 1989. E comecei a votar no PT por causa de Lula. Identifiquei-me com ele. E foi por uma razão improvável: fui um “rico” que empobreceu. Caí da classe B para a classe D. Acredite quem quiser: eu e minha mulher passamos fome e vivemos em habitação precária por dois longos anos, após nos casarmos.

Nasci em berço de ouro, como se diz. Meu avô, executivo bem-sucedido, assumiu de volta a minha mãe depois que esta entendeu que fora vítima de uma tentativa de “golpe do baú” por parte do meu pai biológico, que nunca passou disso.

Joanna Guimarães, mulher culta e íntegra ao impensável, socialista até a alma, minha mãe, ensinou-me, quando ainda era imberbe, que todo ser humano é igual e que o único caminho para que uma nação progrida verdadeiramente é o da justiça social. Podem me dizer ingênuo o quanto quiserem, mas acredito nisso.

Acredito porque vivi os dois lados da moeda. Vivi entre os muito pobres, dividi com eles as suas angústias, as suas incertezas, a sua alegria, a sua música, as suas comidas, a sua coragem de viver e de lutar por uma vida melhor com integridade e honestidade e sem que, em expressiva maioria, jamais cedam a idéias desonestas.

Recuperei-me, ganhei dinheiro, criei meus filhos – três deles, hoje adultos – como fui criado ou até melhor, em termos financeiros e de qualidade de vida, educação, saúde, habitação etc. Mas jamais me esquecerei, no entanto, do que este povo precisa e realmente quer.

Hoje, estou entre os remediados. Tenho um carro com dez anos de uso e, para mim, está muito bem. Luto com dificuldade para custear a saúde de minha quarta filha, Victoria, gravemente doente. E o Estado brasileiro não me ajuda em nada como nunca ajudou, pois eu, minha mulher e meus filhos sempre usamos saúde e educação privadas.

O que sempre esperei dos políticos, portanto, foi que melhorassem a vida de todos porque só assim eu poderia ter certeza de que, mesmo caindo, viveria em uma sociedade que não me deixasse passar fome como há quase 30 anos.

Há alguns meses, um deputado com o qual me encontrei disse saber da doença de minha filha e me propôs algum tipo de ajuda em alguma instituição que conheceria que poderia dar a ela o que o Estado nunca deu. Respondi que não precisava, que ela tinha um plano de saúde “top de linha” e que, portanto, fizesse aquilo por todos.

Porque não quero nada do Estado que não seja para todos os meus concidadãos. E não é porque sou bonzinho, mas porque nunca saberei se, no futuro, quando precisar de fato, estarei entre os contemplados entre os mais cidadãos do que outros.

Nesse aspecto do que espero dos políticos, portanto, o eterno presidente Luiz Inácio Lula da Silva honrou o meu voto. O país está melhorando. Há um projeto e foi nele que votei em 31 de outubro do ano passado. Votei com um objetivo e quero lhe dar a melhor chance para que tenha êxito. E só posso fazer isso se apoiar àqueles que me levaram a votar como votei.

Em 1989, o presidente Lula me prometeu – quando prometeu a todos – que melhoraria a vida dos brasileiros se chegasse ao poder e foi isso o que ele fez. Honrou meu voto. A vida de todos os que mais precisavam, melhorou. E muito. Depois de Lula, tenho esperança em que, se um dia eu cair tanto de novo, não cairei tão fundo.