Não subestime a imprensa golpista

Crônica

Você pode estar com raiva de mim pelo que tenho escrito sobre o governo Dilma. Ou pode estar achando o máximo. Dirijo-me, pois, aos que não gostam de ver críticas a este governo, até por razões compreensíveis.

De qualquer forma, se você for leitor desta página há algum tempo sabe que lutei muito pelo governo Lula e para ajudar a eleger este governo. E não pense que desisti. Não desisti, não sou oposição, não quero sabotá-lo, mas estou vendo coisas e julgo que tenho o dever de dizer o que vejo.

Estou errado? Ok, posso estar. Sou só um ser humano, afinal. Mas se erro, é com boa intenção. E se estou errado, nada se perderá. Sou apenas uma voz no deserto. Ninguém atribuirá a mim problemas que surjam para este governo. Isto é só um blog.

Agora, e se eu estiver certo? Acompanhe a minha linha de raciocínio e me diga onde ela é falha. Em vez de se revoltar comigo, responda as minhas dúvidas e contraponha argumentos à minha linha de pensamento. E vamos pesar tudo de novo.

Então vejamos:

Começam a surgir na imprensa denúncias contra ministros do novo governo. Nada demais, apenas o que sempre ocorreu com Lula por oito anos e que era previsível que continuaria ocorrendo.

Sistematicamente essas notícias se sucedem. Dia após dia, mês após mês, até chegarmos à sexta parte dos 48 meses do governo Dilma Rousseff.

Após prestigiar a imprensa que tanto a insultou (poste, terrorista etc), Dilma começa a demitir ministros ou a deixar que sejam fritos. Expurga nomeados pelos partidos aliados. Corrobora o noticiário.

Ok. Em seguida, o sujeito pensa: mas, espere aí… Quem nomeou essa gente toda? Faxina? Mas quem mobiliou essa casa? Ah, diz a imprensa, mas é só o que Lula impôs a Dilma. É o lixo do Lula.

Do outro lado, dizem que a imprensa não tem credibilidade para acusar…

Não tem mesmo? Bem, quando os três Poderes da República – inclusive o Poder Executivo – vão prestigiar a festa de aniversário de um órgão de imprensa, penso que dão a ele boa dose de credibilidade. Ou não?

Prosseguindo: Dilma está combatendo a corrupção, dizem. Mas que corrupção ela está combatendo? Também a do governo de São Paulo, que mantêm engavetadas mais de uma centena de CPIs? Não. É a “corrupção do próprio PT”.

As pesquisas corroboram que parte crescente da população está entendendo assim. Estão todas aí. Já escrevi sobre elas neste blog, exaustivamente. Até a própria Dilma admitiu que caiu nas pesquisas e disse que iria “ver o que aconteceu”.

Ok, ok, você não quer se pautar por pesquisas. Compreendo… Vá lá, não creia. Mas não me diga que não há embasamento para a minha tese. Ela tem até amparo estatístico, enquanto que a teoria contrária à minha nem isso tem.

Detalhe: o instituto Sensus apurou que 62% julgam que a tal “faxina” é prejudicial à imagem de Dilma e de seu governo.

O fato é que Dilma poderia fazer a tal faxina, mas teria que ir deixando muito claro em que contexto isso está sendo feito – por que aquelas pessoas foram nomeadas e ela aceitou, e que critérios há para deixar aliados indicarem pessoas para lidar com dinheiro público, por exemplo.

Enfim, as pessoas não são trouxas. Querem explicações. A tal faxina que Dilma promoveria é naquilo que ela mesma construiu.

E tem explicação. Há que explicar como é a administração pública. Há que explicar que não é lixo nenhum herdado do Lula. Tem que explicar, sim, porque é grave. Esse governo foi montado por Dilma Rousseff e ela pode explicar. Pelo menos é o que ainda penso.

Não subestime a estratégia da imprensa golpista. É só isso o que peço. Pode não acreditar em mim, afinal sou apenas um comerciante que inventou de ser blogueiro. Não sou um politólogo, confesso. Mas já andei acertando, uma ou outra vez.

É disso que tenho medo. Quando me vejo convencido como estou, fico preocupado. Não pode me culpar por isso…