Protestos “contra a corrupção” têm os dias contados

Análise

Pelo andar da carruagem, a máquina de propaganda montada pela grande mídia para levar o povo às ruas para protestar contra o PT e, por tabela, contra o governo Dilma deve ir parando de funcionar aos poucos, para não dar na vista.

Difícil mesmo será alguém deixar de reconhecer que, mesmo com todas as grandes tevês, jornais, rádios, televisões e portais de internet convocando, o resultado foi para lá de tímido. A contra-propaganda feita para desmascarar o viés político desses atos parece ter funcionado.

Todavia, não se pode atribuir só à propaganda o fracasso progressivo do último “plano infalível” da mídia de levar para as ruas as mesmas marés humanas que a mesma mídia (ou imprensa, à época) conseguiu levar em 1964 para justificar o golpe.

Tem gente muito chateada com pessoas como este blogueiro exatamente por conta disso e, assim, colocou seus esbirros na internet – alguns deles muito bem remunerados – para atacá-lo. Faz parte do jogo. Só estranhei que tivesse demorado tanto, pois há anos que luto contra essa gente.

Mas o fato é que tanto os atos de Brasília no 7 de setembro quanto o do dia 20, à semelhança de muitos outros que a mídia tentou organizar em outras capitais, foram artificiais.

O primeiro protesto, de 7 de setembro, em Brasília, valeu-se da massa humana que estava na rua para assistir ao desfile militar e, com um tema irresistível para qualquer pessoa que esteja em um ato cívico, começou a convocar a multidão para se unir a um “protesto contra a corrupção”.

O segundo protesto no qual a mídia apostava alto era o de 20 de setembro, na Cinelândia, que passou a ser convocado dois dias após os atos de 7 de setembro, que ocorreram em várias capitais – Brasília e São Paulo, entre outras.

No dia da Independência, só dois atos “contra a corrupção” juntaram um público maior: o de Brasília (com números divulgados pela mídia que vão de 12 a 40 mil pessoas) e o de São Paulo (que, segundo a PM, juntou 500 pessoas).

Em outras capitais, no dia 7 de setembro, a mídia todinha não conseguiu juntar nem 50 pessoas. Por isso, dois dias depois começou uma intensa campanha midiática para levar o povo às ruas no resto do Brasil.

Veja, abaixo, matéria do jornal O Globo, por exemplo:

No dia 20, porém, só se viu a manifestação da Cinelândia, no Rio, que atraiu um público que a própria imprensa considerou decepcionante. As outras, que supostamente ocorreriam em São Paulo, Campo Grande, Recife e Manaus, anunciadas à exaustão até a undécima hora, sumiram.

No último dia 20, esses impérios de comunicação não conseguiram levar às ruas em outras capitais além do Rio nem as 100 pessoas do Movimento dos Sem Mídia que a Polícia Militar e a imprensa disseram que compareceram no sábado passado ao Masp.

Que diferença para os idos de 1964, quando a imprensa conseguia pôr um milhão de pessoas  na rua fácil, fácil. De fato, os tempos são outros. Espontaneamente, parece que será bem difícil de juntar massas humanas para criar no país o clima político pretendido.

Não é por outra razão que, aos poucos, esses atos virarão nada. Porque não é todo dia que há um 7 de setembro para colocar um número menos ruim de manifestantes nas ruas.

Agora, não é ridículo que grandes meios de comunicação se ponham a ironizar um número baixo de adesões a um protesto contra a mídia convocado por um blog de alguém que nem jornalista é enquanto ela mesma, mídia, com seu império bilionário, fez pouco melhor?

A Polícia Militar diz que o Movimento dos Sem Mídia levou 100 pessoas à rua em São Paulo no dia 17 e que a mídia levou 2.500 pessoas ao Rio. Acho factível confiar nos números da PM tanto em um lugar como no outro. A foto do ato na Cinelândia mostra que eram mesmo 2.500.

Veja, abaixo, a foto aérea da Cinelândia que o portal R7 publicou às 18:42 hs. de 20 de setembro, no auge do ato.

A foto acima é da Praça Floriano, que, naquele ponto de aglomeração, tem 800 m2. Calculando-se que não houvesse “clareiras” entre a multidão e calculando-se 4 pessoas por m2, chega-se a 3.200 pessoas. Como há espaços vazios, em meio à multidão, o número de 2.500 parece razoável.

Dizem que o ato do MSM no Masp foi convocado “pelo PT”. É ridículo. O PT tem 800 mil filiados. Qualquer reunião do partido poderia reunir vários milhares. Se juntar a CUT e o MST, então, é fácil chegar a dezenas de milhares, se não mais de 100 mil.

Tem uns grandes meios de comunicação preocupados com este blogueiro a ponto de desencadearem contra ele um ataque virtual incessante e até matérias em blogs de seus funcionários. A desproporção do ataque mostra bem quanto esses veículos decaíram.