Hospital Municipal de SJC nega informações a parlamentares

denúncia

Durante visita da força-tarefa composta por parlamentares, advogados, jornalistas e entidades de direitos humanos aos abrigos de flagelados do bairro Pinheirinho, em São José dos Campos, em 4 de fevereiro, encontramos dificuldades para trabalhar.

Um dos desaparecidos durante a operação de reintegração de posse de 22 de janeiro (um idoso) apareceu hospitalizado, em estado grave, no Hospital Municipal de São José dos Campos. A força-tarefa, porém, não consegue da instituição que dê maiores informações.

Deixei aquela cidade no fim da tarde. Ao chegar em casa, por volta das 22 horas, descubro que o problema persistia. Encontrei o seguinte e-mail da vereadora Amelia Naomi:

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Eduardo Guimarães,

Entidades de direitos humanos e parlamentares, após horas de espera no Hospital Municipal de São José dos Campos, ainda não receberam informações que requisitaram sobre Ivo Teles dos Santos, de 70 anos, que estava desaparecido desde 22 de janeiro, dia do massacre do Pinheirinho.

Santos foi localizado no dia 03 de fevereiro por sua ex-esposa, que fez peregrinação a diversos lugares para encontrá-lo. Achou-o internado na UTI daquele hospital, sendo que seu ingresso no pronto-socorro ocorreu no dia 22 de janeiro, quando o paciente teria sido registrado como vítima de agressão.

Abaixo, entidades e autoridades que permanecem no hospital esperando a informação:

  • Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe)
  • Defensoria Pública do Estado de São Paulo
  • Deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), presidente da comissão de direitos humanos da Assembléia Legislativa de São Paulo
  • Comissao de direitos humanos da OAB-SP
  • Vereador Tonhão Dutra (PT-SJC)
  • Vereadora Amélia Naomi (PT-SJC)
  • Vereador Vagner Balieiro (PT-SJC)

Parlamentares e Entidades exigem do administrador do hospital, Marcelo Garcia, o boletim de atendimento de urgência que descreve as agressões que teriam vitimado Ivo Teles dos Santos.

A recusa do hospital, controlado pela SPDM (entidade privada que administra a instituição), foi justificada por derivar de interferência direta do secretário de Saúde de São José dos Campos, Danilo Stanzani.

Caso essa sonegação de informações permaneça, entidades e parlamentares irão registrar o caso na polícia local.

Amélia Naomi”

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Ao fim da tarde de sábado, 4 de fevereiro, um policial militar chegou ao Hospital Municipal de São José dos Campos e entrou em área vetada à força-tarefa, onde permaneceu por uma hora e meia. Depois saiu por uma porta lateral. Pessoas da força-tarefa que estavam do lado de fora do hospital o viram saindo. Tentaram falar com o PM e ele saiu correndo.

PS: a força-tarefa que voltou a São José dos Campos neste sábado colheu mais 112 denúncias, uma delas de extrema gravidade e que ainda não pode ser divulgada. Já são, até agora, 619 denúncias formais (relatadas e assinadas pelos queixosos) contra a operação de reintegração de posse no Pinheirinho.

PS 2: flagelados do Pinheirinho acusam imprensa de ir aos abrigos só para registrar imagens para matérias que já estariam prontas antes de visitar os locais, pois lhes nega voz – não faz entrevistas com eles.