Mercosul e Unasul impõem perda total a golpistas paraguaios

Análise

Foi genial a fórmula encontrada pela maioria da comunidade sul-americana de nações para punir os golpistas que depuseram, por meio de uma farsa, o presidente constitucional do Paraguai. Aquele povo será poupado, a posição política que o parlamento golpista paraguaio impunha ao país na questão da entrada da Venezuela no Mercosul foi derrotada e os golpistas sofreram um revés político que os fragiliza na eleição do ano que vem, se houver.

O Paraguai era o entrave à entrada da Venezuela no Mercosul. O ex-presidente Fernando Lugo, por óbvio, aprovava, mas o congresso paraguaio, não. O impasse já durava anos. Com a suspensão do Paraguai da entidade, o que os golpistas tentavam – e conseguiam – impedir com Lugo no Poder não conseguiram impedir com ele fora do poder.

Além disso, a decisão do Mercosul e da Unasul de não impor sanções econômicas ao Paraguai evitará que a comunidade de nações sul-americanas sofra desgaste entre o povo paraguaio, que, segundo informações não confirmadas, em maioria pode estar, até o momento, contra o golpe “parlamentar” que derrubou o presidente constitucional. Essa maioria, obviamente, constitui-se do que mais há no Paraguai: pobres e miseráveis.

Outro benefício da decisão em bloco de Mercosul e Unasul de suspender o Paraguai das entidades sem lhe impor sanções econômicas: contornou a decisão intempestiva de Hugo Chávez de suspender a venda de óleo diesel ao país, o que, obviamente, causaria sofrimento entre a população e poderia, a médio prazo, colocá-la contra nações que ora lhe defendem a democracia.

Para quem não sabe, com a Venezuela no Mercosul Chávez terá que adotar a decisão conjunta do organismo de não retaliar economicamente o Paraguai e, assim, terá que suspender o boicote petrolífero que iria lhe impor.

A sábia decisão dos dois organismos multilaterais também fará os golpistas chegarem fragilizados à eleição do ano que vem, o que permite supor que partidos de esquerda, alguns até sem representação parlamentar, podem sair beneficiados. A maioria dos paraguaios certamente irá optar por não votar em candidatos que poderão ser alvo de antipatia das potências vizinhas, das quais o Paraguai depende.

Por fim, além dos golpistas paraguaios também perdem os golpistas argentinos, bolivianos, brasileiros, chilenos, equatorianos, colombianos , peruanos, venezuelanos… Isso porque muitos desses – ou todos esses – salivaram com a possível vitória do golpe paraguaio. Sem que aqueles que o aplicaram pagassem um preço, isso, por óbvio, estimularia novas aventuras antidemocráticas na região.

Claro que sempre há o risco de o regime endurecer e de, assim, os golpistas, sabendo que suas chances eleitorais não são boas, tentarem melar ou até não realizar a eleição presidencial do ano que vem, quando forças ligadas ou identificadas com Lugo podem retornar ao poder e, agora,  talvez com um parlamento livre de golpistas. Todavia, nem o Mercosul, nem a Unasul esgotaram seus estoques de armas para combater o golpismo paraguaio.

Homenagem dos Movimentos Negros de Juiz de Fora

Escrevi este post de Juiz de Fora (MG), onde participei da cerimônia de abertura da Semana Nelson Silva, evento dos movimentos negros regionais que trabalha para promover a “vizibilização” dos “invisíveis”, que é como os chamei quando estive nesta cidade no ano passado. E que, agora, homenagearam a este blogueiro

Foi emocionante e honroso ter recebido o convite para estar em Juiz de Fora a fim de ser homenageado pela luta deste Blog “por igualdade e justiça”. Por isso, espero poder escrever logo não só sobre a homenagem, mas sobre a história de luta de um povo daquela que já foi uma das cidades mais importantes do mundo.

Relatarei a luta da comunidade negra de uma região dominada pelo racismo de grupos políticos, a candidatura promissora do PT na cidade e, acima de tudo, a luta épica e virtualmente cinematográfica de Adenilde Petrina, guerreira de ébano de pouco mais de um metro e meio de altura que este blog irá apoiar como puder.