Após Serra-Kassab, Russomano? Não faça isso com São Paulo

Opinião do blog

São Paulo começou a afundar em 1985 ao eleger Jânio Quadros e preterir Fernando Henrique Cardoso.  Essa foi a primeira grande loucura que faria a capital paulista, à qual tantas outras se seguiriam. De lá para cá, a evidente degradação da cidade só não foi maior porque dois projetos de viés social puderam mitigar os danos. Só que por muito pouco tempo.

Luiza Erundina e Marta Suplicy governaram só um mandato cada uma. Não conseguiram se reeleger como Maluf-Pitta e Serra-Kassab. Deu no que deu. A tensão social atingiu níveis insustentáveis, fazendo crescer a criminalidade por conta da grande quantidade de pessoas que foram empurradas para a decadência social absoluta.

Há hoje até gente com curso superior vivendo pelas ruas de São Paulo. No bairro do Paraíso, na extremidade Sul da Avenida Paulista, ao lado da Igreja de Santa Generosa, formou-se um favelão que machuca até a alma. O cheiro que exala por trás de um portão enorme de ferro, ao lado da igreja, é sentido a um quarteirão de distância.

Vão aparecendo elementos de aparência e conduta suspeitas (aparentando estar drogados e agindo furtivamente), as moradias estão contaminadas e caindo aos pedaços e aquelas centenas de pessoas que ali se espremem com suas crianças passam o tempo todo perambulando pela região.

Crianças maltrapilhas e imundas que vivem no local com suas famílias passam os dias nos semáforos desse ponto da mais conhecida avenida de São Paulo – e do Brasil – drogando-se, prostituindo-se, roubando e esmolando, muitas vezes junto com os pais ou pelas mãos de exploradores.

São Paulo precisa já de um governo com responsabilidade social. Kassab fechou os albergues para população de rua no centro para escondê-la.  Não tem programa algum para essa população.

Das pessoas nessa situação, sobressaem as crianças. Invariavelmente acabam caindo no crime, na prostituição ou no vício.

Serra e Kassab fizeram governos higienistas que tentaram, em vão, esconder essa realidade. Abandonaram o social, a Saúde, a Educação, a Segurança, o Transporte Público… E não é nem questão de recursos. São Paulo tem hoje um orçamento que é o triplo do que teve Marta e umas dez vezes mais do que teve Erundina.

São Paulo cometeu um erro fatal em 2004. Marta vinha equacionando a questão social, inovando no Transporte (bilhete-único), na Educação (CEUs), fazendo planos para remanejar o desenvolvimento da cidade, evitando que se concentre só no centro expandido, o que obriga a população a se deslocar quilômetros incontáveis todos os dias.

Na situação em que São Paulo está, eleger outra farsa para administrar a cidade é um suicídio literal.

As pessoas estão querendo votar em Russomano achando que ele tem mais chance de derrotar Serra – que vai ficando claro que é tudo o que o paulistano não quer mais.  Ora, mas Russomano é uma farsa.

Não há nem que falar de seus problemas com a Justiça. Acho que a questão é refletirmos sobre alguém que se define como “um artista” para um cargo como o de principal Executivo da administração de uma megalópole como São Paulo, uma cidade que está à beira do colapso.

São Paulo precisa de um administrador experimentado e com estrutura política para resolver seus problemas. Serra, por exemplo, é um administrador. Só que todos já descobriram que tipo de administrador ele é e no que dá embarcar em suas escolhas (Kassab). Mas Russomano, é o quê?

Russomano não passa do que ele mesmo se diz: um artista. E que se candidatou por um partido minúsculo que, se seu candidato vencesse, teria que fazer acordos (sem pré-condições) até com o diabo, abrindo mão de qualquer projeto próprio, o qual, inclusive, não tem.

O candidato do PRB a prefeito de São Paulo está recebendo voto só de quem se identifica com o artista Celso Russomano por sua atuação (encenada) na TV como “defensor dos pobres e oprimidos” e que acha que basta votar em quem pretensamente tenha chance de derrotar Serra para resolver todos os problemas da cidade.

Não basta derrotar Serra. Há candidatos tão ruins quanto ele ou até piores. Russomano, pelo seu histórico de problemas com a Justiça e ataques de personalismo idênticos aos do adversário tucano, é um Serra sem ao menos credenciais para administrar. Ou seja, é um Serra ou um Kassab piorados. Você, eleitor, não quer riscar Sampa do mapa… Ou quer?

Datafolha

Saiu nesta quarta-feira uma pesquisa Datafolha que demorou mais do que o normal. Fernando Haddad (agora com 17%) continua ancorado pela boa e velha “margem de erro” da Folha, mas subindo. Da mesma forma que Serra (agora com 20%) continua caindo. Já a queda de 3 pontos de Russomano (32%) era previsível. Farsas são frágeis.