Marina e Eduardo Campos = segundo turno. E nada mais

Análise

 

 

Acaba de ocorrer o fato político mais importante do ano: entre sete e oito partidos (conforme a versão) ofereceram à ex-senadora e ex-candidata a presidente Marina Silva o acolhimento de sua candidatura a presidente da República no ano que vem, mas o PSB, do governador Eduardo Campos, com empenho pessoal deste para aliciá-la, levou a melhor.

Além do PSB – partido que vem se estruturando nacionalmente com força, nas últimas eleições – e de tantos outros partidos que lhe ofereceram filiação, Marina também contou com a simpatia de setores do PSDB que vinham trabalhando pela constituição do partido dela, ainda que pensando em como ser criado ajudaria Aécio Neves a ir ao segundo turno.

Marina ainda conta com a simpatia da grande mídia oposicionista, dos banqueiros e dos grandes empresários. No vigoroso PSB e com tantas forças econômicas e políticas ao seu lado, será uma vice com luz própria de Eduardo Campos, que, apesar de ser forte apenas em Pernambuco, terá agora mais chances de ser a principal candidatura anti-Dilma.

Para os antipetistas de várias tendências que ora comemoram o já quase certo segundo turno que a nova configuração de pré-candidaturas a presidente praticamente assegura, entre os antipetistas tucanos a comemoração deveria ser mais contida ou, se houver realismo, deveria até ser lamentada.

Claro que, com o quadro supra descrito, a candidatura Dilma perde a chance de liquidar o jogo no primeiro turno, mas a força da aliança entre Marina e Campos (mídia + capital + garantia de bom tempo de tevê) já ameaça a ida de um tucano (quase certamente, Aécio Neves) ao segundo turno.

Em um hipotético – e, agora, mais do que provável – segundo turno, é mais do que claro que o PSDB não hesitará em pular no barco de Campos e Marina, o que tornará mais difícil para Dilma também a segunda etapa da eleição presidencial do ano que vem. Contudo, os petistas sempre trabalharam com a hipótese quase certa de segundo turno desde que chegaram ao poder.

Uma reeleição dura para Dilma, portanto, nunca foi novidade. E antes que os petistas e simpatizantes se desesperem, lembremo-nos de que, a partir de agora, em vez de três adversários competitivos a presidente terá só dois, ainda que mais fortes do que seriam se fossem três. Porém, só um irá ao segundo turno.

Se for Aécio, Marina e Eduardo Campos retornarão ao seus tamanhos reais; se a chapa do PSB vingar, o PSDB sofrerá uma perda de importância e de tamanho que lhe será trágica. E quando uso este adjetivo, quero dizer trágico mesmo. Uma catástrofe para os tucanos.

A garantia de segundo turno que o arranjo entre Marina e Eduardo Campos gerou, porém, não vai além disso. Haver segundo turno não significa, de fato, uma vitória oposicionista, mas a certeza de que o Brasil, mais uma vez, dividir-se-á entre os que enxergam os avanços do país e os que se negam a enxergar.

Como quando se fala em avanços do país não se fala em vento, mas em ganhos de qualidade de vida mais do que concretos para a esmagadora maioria da sociedade, é quase certo que terá sido inútil toda essa politicagem em que Marina se envolveu ao abandonar seu projeto de criação de um partido ideológico só para disputar uma eleição.