A minha “kriptonita”

Crônica

 

O personagem norte-americano de quadrinhos, tevê e cinema Super-Homem só tem uma fraqueza, a kryptonita. Trata-se de um mineral. São fragmentos do planeta natal do personagem, Kripton. Após a explosão do planeta do super-herói ianque esses fragmentos vagaram pelo espaço até caírem na Terra, sendo usados pelos inimigos dele.

Este que escreve não é super em nada além de na firmeza de convicções e propósitos que embasam seu trabalho no Blog da Cidadania. Porém, tem uma “kriptonita”: a família.

Nos últimos dias, um de meus genros – marido da minha primogênita – começou a sentir-se mal. Padeceu uns três dias, até ter tido que ir ontem (quarta-feira, 23) para o hospital, às pressas.

Trata-se de um rapagão forte, saudável, de 34 anos, profissional da área da saúde – é fisioterapeuta. Tem excelente forma física. Nunca ficou gravemente doente.

Pois bem, há pouco ele passou a ter formigamentos e dificuldade de andar, de se mover e falta de ar. Para encurtar a história, ele contraiu a Síndrome de Guillain Barret, enfermidade que, grosso modo, atinge o sistema nervoso central – ou coisa que o valha, não sou médico – e pode, inclusive, levar à morte se não for tratada a tempo.

O paciente pode parar até de respirar sozinho. Os músculos autônomos que fazem funcionar pulmões e até deglutição se paralisam. A pessoa pode até precisar de ventilação mecânica. A doença provém de alimentos contaminados por agrotóxicos e vacinas em pacientes incompatíveis. Qualquer um, de qualquer idade e estado físico, pode contrair. 

A boa notícia é que meu genro, até por ser da área de saúde e já ter tido pacientes com essa síndrome, tratou de procurar ajuda logo – e quem o faz pode se curar, pois do contrário não há cura. Se não morre, fica com sequelas graves.

Na última quarta-feira, eu, a esposa e a filha passamos o dia no hospital mobilizados pelo problema do rapaz, gravíssimo. Não trabalhei, não atualizei o Blog e nesta quinta, pela manhã, teremos que estar no hospital por razões ligadas à continuidade de seu tratamento.

Até pensei em atualizar o Blog agora à noite. Há muita coisa a ser divulgada, comentada. O momento político é quente. Porém, sendo sincero, não tenho cabeça. Ver minha filha desesperada com o estado do marido, chorando muito, abatida física e emocionalmente como ficou, acabou comigo. Não tenho cabeça.

Peço desculpas. Vou precisar também desta quinta – talvez de toda ela – para cuidar da família. Apesar de não ser super em nada, assim como o Super-Homem tenho uma “kriptonita” que me enfraquece ao impensável.

Mas que não se animem os que não gostam do meu trabalho neste Blog. Desta quinta-feira o meu enfraquecimento emocional não passa. Até o fim do dia ou amanhã publicarei o que devia ter publicado em lugar deste texto e não tive como produzir. Conto com a compreensão dos amigos-leitores e até dos que não gostam do Blog, mas estão sempre aqui.