Petistas críticos a escolhas de Dilma quiseram “refundar” PT devido ao mensalão

Reportagem

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Dilma Rousseff definitivamente está atravessando um inferno astral. Concomitantemente a propostas de impeachment por parte de opositores e da mídia, a manifestações pedindo “intervenção militar” e a ameaça de sofrer um golpe no TSE via devassa em suas contas de campanha, está enfrentando artilharia “amiga” em seu próprio partido.

Segundo reportagem da Folha online, a corrente do PT que tem criticado duramente a presidente da República por convidar Joaquim Levy para substituir Guido Mantega no Ministério da Fazenda é a “Mensagem ao Partido”, cujos principais expoentes são o governador Tarso Genro e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso.

Em 2005, pouco após o estouro do escândalo do mensalão essa corrente fez mea-culpa e propôs “refundar” o PT. O presidente do partido era Tarso Genro, pai da ex-candidata a presidente pelo PSOL Luciana Genro. Em outubro daquele ano, Genro convocou ato no Rio de Janeiro para inaugurar a “refundação”.

Genro tornara-se presidente interino do PT devido à queda abrupta de José Genoino. Além de defender a “refundação” do partido, afirmava que Lula não se reelegeria no ano seguinte e passou criticar José Dirceu e o então ministro Antonio Palocci.

A proposta de refundar o PT ficou boiando no cenário político durante uns dois anos, até que, em 2007, integrantes da corrente petista Campo Majoritário, adversária da “Mensagem”, reuniram-se em um hotel em São Roque (SP) e rechaçaram a tese de “refundação” do partido, lançada de novo naquele ano pelo agora ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro.

Entre os presentes ao ato contrário à “refundação” estava o deputado cassado José Dirceu.

Em 2012, após a condenação arrasadora dos réus do mensalão, Genro e seu grupo defenderam que o PT colocasse fim à “agenda de solidariedade” a José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha.

Genro tinha um aliado ao duro ataque aos “mensaleiros”, o então deputado estadual Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre, que defendia “punições” aos réus do mensalão e a mesma “refundação” do PT.

Em setembro do ano passado, o atual governador do Rio Grande do Sul voltou a defender a “refundação” do PT, tese que pautou a criação da corrente “Mensagem ao Partido”, em 2005, ainda no auge da crise política vivida pelo governo Lula.

A postura colaboracionista de Genro, porém, não o ajudou eleitoralmente. Este ano, não conseguiu se reeleger para um segundo mandato à frente do Executivo gaúcho.

Na semana passada, a corrente “Mensagem” encampou a tese da mídia e do PSDB de que, ao nomear como novo ministro da Fazenda Joaquim Levy, a presidente Dilma irá praticar “estelionato eleitoral”, pois o possível novo ministro seria “a mesma coisa” que Armínio Fraga, que abraçou a proposta de Marina Silva de tornar “independente” o Banco Central.

Até o momento, porém, não se tem notícia de que, tal qual Fraga, Levy tenha proposto independência do BC ou que o salário mínimo pare de “subir muito”. E tampouco propôs levar a inflação para 3%, o que, durante a campanha, Dilma disse que provocaria um desemprego de até “quinze por cento”.

Ainda segundo a Folha, na última segunda-feira lideranças do PT saíram em defesa de Dilma e suas prováveis escolhas ministeriais. O líder do partido no Senado, Humberto Costa, afirmou que “Estão tentando disseminar um ambiente de mal-estar entre Levy e o PT” e garantiu que a escolha de Dilma está feita.

Segundo Costa, a presidente é a responsável pelo “modelo de governo de estabilidade para o país” e de “desenvolvimento inclusivo”. Além disso, pregou que “morram na véspera os pessimistas”.

O Senador pernambucano disse que Levy “nem chegou ainda à Fazenda” e que, “quando chegar, será (…) guardião do modelo de desenvolvimento para o Brasil que já é largamente experimentado”, “exitoso” e “reconhecido”. Uniram-se a Costa o deputado José Guimarães, irmão de José Genoino, e o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC).