Por que Dilma não foi à festa de Carta Capital

Opinião do blog

 

No dia do 1º turno das eleições deste ano, logo após votar em Dilma fui para a casa do meu filho esperar a chegada de sua irmã que reside em Sydney, Austrália, há quase seis anos e que, após mais de um ano, voltou ao Brasil para visitar a família e participar da comemoração do aniversário de uma outra filha, a caçula, que faria 16 anos no dia seguinte.

Minha filha viajou por uma companhia aérea mais barata, de modo que demorou um pouco mais do que poderia para chegar ao Brasil; sua viagem durou mais de 30 horas. Contudo, há voos, via Chile, que podem ser, de ponta a ponta (da Austrália até o Brasil), de cerca de 25 horas.

Essa moça é a segunda filha. Tem 28 aninhos. Está no auge do vigor da juventude e em excelente forma física. Não tem um mísero problema de saúde. Nunca teve uma cárie. Apesar disso, a menina chegou mais amarrotada do que papel no cesto de lixo.

Qualquer um que já tenha empreendido viagens a outros continentes, sabe que não é fácil. Mesmo se tiver cama. Ou alguém nunca ficou horas em uma cama sem conseguir dormir?

Por mais que alguém aprecie voar, um dia inteirinho ou mais trancado em um avião cansa muito. Com o fuso horário, então, o problema se agrava. Simplesmente porque os fusos horários entre Brasil e Austrália giram em torno de 10 horas de diferença – pouco mais a Leste e pouco menos a Oeste daquele país continental.

Justamente pelo fuso horário, a moçoila de 28 delgados aninhos e disposição para salto de paraquedas, bungee jump, esqui na neve e caça submarina sofreu durante CINCO dias para se adaptar ao fuso horário daqui de São Paulo.

Nos primeiros dias, parecia uma sonâmbula. Após uma noite insone, tinha que ficar acordada quando seu corpo queria estar dormindo devido ao fenômeno que oportunamente chamaram de “relógio biológico”. Todos os horários se invertem em um fuso horário de 10 horas a menos ou a mais. Hora de ir ao banheiro, hora de comer, hora de dormir…

No momento em que escrevo, são 15 horas e 54 minutos no Brasil e 3 horas e 54 minutos em Brisbane, Austrália, para onde a presidente Dilma, 66 anos, viajou na noite de segunda-feira (10/11), precisamente enquanto ocorria a tradicional premiação da revista Carta Capital às dez empresas mais admiradas do Brasil.

Dilma terá uma agenda dura pela frente. Chegando à Austrália em 12 de novembro, terá 2 dias realmente úteis para se preparar para os debates da conferência do G20, abreviatura para Grupo dos 20, formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia que ocorrerá nos próximos dias 15 e 16.

A presidente da República terá os dias 13 e 14 para se aclimatar, por assim dizer, para participar de um fórum que se estenderá por tediosas ou intensas horas, com compromissos da hora de despertar até a hora de dormir. Além disso, por certo terá muito que ler e estudar para representar o Brasil em tão importante ocasião.

O evento da revista Carta Capital é importantíssimo não só pelo que essa publicação representa para a luta pela transformação deste país, mas pela história de seu diretor, Mino Carta, um jornalista da mais alta relevância e detentor de uma biografia épica.

Porém, para participar de seu evento Dilma teria que se deslocar de Brasília a São Paulo às vésperas de uma viagem extenuante que antecede um evento que vai requerer muito de si, pois, como se sabe, desse evento na Austrália podem advir ganhos, empates ou até perdas para o país e para o dever da presidente de representá-lo.

A opinião deste Blog é a de que Dilma teve motivos justificáveis para faltar ao evento do ilustre Mino Carta e de sua prestigiosa publicação, que ganharam muito com a presença do vice-presidente Michel Temer e com a certeza de que, caso fosse humanamente possível, a presidente da República teria estado com eles, como esteve no ano passado.