Ataque a Lula: Secretaria de Segurança de SP divulga hipótese irresponsável

Análise

bomba capa

 

As imagens das câmeras de segurança do Instituto Lula contam uma história bem diferente da que está ensaiando a Secretária tucana de Segurança de São Paulo, com sua preocupante hipótese sobre a natureza do ataque à entidade.

A Secretaria paulista diz que já determinou a abertura de investigação e a realização de perícia pela Polícia Civil, mas apresentou uma “suspeita inicial”: não se trata de um crime político, mas de “ação de baderneiros”.

Ora, ora… Mas de onde é que a Secretaria tucana tirou essa hipótese? Certamente não foi do vídeo que o instituto Lula divulgou, pois este conta uma história bem diferente. Sugiro ao leitor que assista, abaixo, mesmo que já tenha assistido antes.

Assistiu, leitor? Pode-se tirar algumas conclusões do vídeo. Um sedan escuro para em frente ao portão da entidade. De dentro do veículo é arremessado um artefato inflamável que estoura, danificando o portão da garagem. Soube-se, depois, que continha pregos dentro, que se espalharam por toda parte.

Quando se fala em “baderneiros” imagina-se um grupelho de garotos bêbados vagando pela rua e destruindo as coisas pelo caminho. O que se vê no vídeo divulgado é que um veículo com luzes de sinalização apagadas para e atira um artefato explosivo elaborado, cuja montagem tomou tempo e dinheiro dos que o confeccionaram.

Repito: de onde é que a Secretaria de Segurança de SP tirou essa história de “baderneiros”?

Repare na imagem do veículo agressor dobrando a esquina da rua em que fica o Instituto.

bomba 1

 

Segundo testemunhas, o estrondo foi tão forte que foi ouvido dentro do Hospital São Camilo, vizinho do instituto. “Estava de plantão dentro da UTI e o hospital tremeu todo. Daí entrou uma pessoa falando que jogaram uma bomba aqui. Era por volta das 22h20”, afirmou o médico Adauto, que não quis revelar seu sobrenome à imprensa.

Ou seja, é bem mais do que uma “bomba de efeito moral” ou um “rojão”, como gente suspeita já está divulgando na internet.

O mais impressionante é que o Instituto Lula é quase vizinho de um Batalhão da Polícia Militar e, apesar de o estrondo da explosão ter alarmado o hospital ao lado, não incomodou os policiais.

Nesta sexta, poucas horas após o atentado a bomba, por volta das 9 horas da manhã, o Instituto Lula foi alvo de uma manifestação que provocava e xingava os que lá chegavam.

Tudo isso somado, a Secretaria de Segurança Pública, com base em nada, sem explicar nada, afirma que não foi um ataque político, mas, tão-somente, “ação de baderneiros”.

O que se pode depreender disso é que se o Ministério da Justiça não agir com firmeza para que a Polícia Federal entre no caso, esse terceiro ataque a bomba ao PT neste ano terá o mesmo destino dos dois primeiros: o ostracismo.

 

Leia, abaixo, nota do PT sobre o ataque ao Instituto Lula

 

“O Diretório Estadual do PT-SP repudia veementemente o ataque ao Instituto Lula, com artefato explosivo, ocorrido na noite desta quinta-feira (30).

Este não é um caso isolado. Apenas neste ano, dois Diretórios do Partido dos Trabalhadores também sofreram ataques. No dia 26 de março, uma bomba caseira atingiu o Diretório Zonal do PT no centro de São Paulo, e no dia 16 de março, dez dias antes, o Diretório Municipal de Jundiaí também foi atacado por vândalos com coquetel molotov.

Os atos refletem a escalada da intolerância e do ódio que alguns setores da sociedade e da mídia têm amplificado nos últimos meses. O ataque ocorrido contra o Instituto Lula e contra os Diretórios do PT é uma agressão à nossa democracia.

O Diretório Estadual do PT-SP repudia e não aceita atos de violência e intolerância ao Instituto Lula e espera que os responsáveis sejam identificados e punidos”

São Paulo, 31 de Julho de 2015.

Emidio de Souza

Presidente Estadual do PT-SP”