Empreiteiras que roubaram Petrobrás também roubaram metrô de SP

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lava jato capa

 

O vice-presidente Michel Temer e o PMDB apresentaram na noite da última quarta-feira suas defesas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na principal ação em que o PSDB pede a cassação da chapa vencedora da eleição presidencial de 2014 — a chamada ação de impugnação de mandato eletivo.

O PSDB acusa a campanha presidencial da coligação PT-PMDB de receber doações oficiais de empreiteiras envolvidas na Lava-Jato como forma de distribuição de propina de contratos com a Petrobras. A defesa de Temer e de seu partido argumenta que a Operação Lava-Jato é um assunto para ser discutido na Justiça criminal e não no TSE.

O documento da defesa peemedebista aponta ainda que as doações recebidas pela campanha de empreiteiras investigadas na Lava Jato não configuram caixa 2 e não são irregulares, como sustenta o PSDB. E destaca que o partido autor da ação também recebeu quantias “vultosas” dessas mesmas empresas.

Abaixo, trecho da defesa de Temer e de seu partido:

Doação recebida e declarada de pessoa jurídica com capacidade contributiva, independente do que diga um delator, não é caixa dois. Até porque, como visto, o partido autor foi agraciado com vultosas quantias das mesmas empresas, logo, não há mau uso da autoridade governamental pelos representados, afastando o possível abuso de poder político“.

A argumentação dos tucanos e da mídia amiga é a de que o dinheiro doado à coligação PT-PMDB seria “sujo” por conta de que essas empreiteiras doadoras roubaram a Petrobrás, que é administrada pelo governo petista. Desse modo, a doação a Dilma-Temer foi feita por interesse em negociatas com a estatal.

O caradurismo dessa argumentação chega a ser sobrenatural. Sabe por que, leitor? Porque a empresas citadas na operação Lava Jato são conhecidas como “As quatro irmãs”. São elas Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. E se prestaram serviços para empresa administrada pelo governo federal, também prestaram serviços para governos do PSDB.

E o que é pior: existem escândalos envolvendo essas empreiteiras no âmbito de governos do PSDB como o governo de São Paulo.

Desse modo, se suspeitam que essas empreiteiras deram dinheiro à campanha a presidente da coligação PT-PMDB por conta de favores que o governo federal prestou a elas ao lhes dar contratos com a Petrobrás, por que não suspeitar de que essas mesmas empreiteiras deram dinheiro à campanha a presidente de Aécio Neves por conta dos favores prestados por governos do PSDB ao dar contratos a essas mesmas empreiteiras em governos estaduais como o de São Paulo, por exemplo, onde corre solto o escândalo do cartel do metrô?

Vamos relembrar. A Odebrecht, por exemplo, entre outras empreiteiras investigadas pela Lava Jato, foi alvo de denúncia do Ministério Público por suspeita de formação de cartel em São Paulo para a construção da Linha 5 do Metrô. E, em 2012, o Ministério Público do Estado de São Paulo ofereceu denúncia formal à Justiça.

A denúncia foi formulada pelo promotor de Justiça Marcelo Batlouni Mendroni, do Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos (GEDEC). Foram denunciados, entre outras, a Construtora Norberto Odebrecht Brasil S/A, a Construtora OAS Ltda e a Construtora Queiroz Galvão S/A.

Todas essas empresas foram acusadas pela Lava Jato de corromperem executivos da Petrobrás. E os políticos ligados à Petrobrás foram denunciados e presos. Não se tem notícia de nada igual envolvendo os políticos ligados ao metrô de SP, que também teve negociatas com as mesmas empreiteiras.

De acordo com a denúncia do MP, as empreiteiras dividiram contratos dos trechos 3 a 8 da linha 5 do Metrô, direcionando a licitação da obra. Para o Ministério Público, as empresas sabiam previamente qual delas seria a vencedora de cada um dos trechos em licitação porque combinaram o preço que seria apresentado por cada concorrente do grupo.

Incrivelmente, esse esquema funcionou durante quase todo o período que o PSDB governa São Paulo, que, ano passado, completou 20 anos.

Apesar de a mídia e o PSDB tentarem vender a ideia de que essas empreiteiras só começaram a fazer negociatas com empresas públicas ligadas ao governo do PT, há provas de que elas fazem negociatas com governos de partidos de oposição ao governo federal, como o governo de São Paulo.

Ora, por que, então, as investigações da Lava Jato não se preocupam com a roubalheira que essas empreiteiras promovem também em governos estaduais, já que o Ministério Público de São Paulo não faz o serviço direito? Afinal, se há ligações federais das empresas corruptoras, pela lei o caso sai da esfera estadual e vai para a esfera federal.

A resposta é simples: a investigação sobre o braço paulista da Lava Jato não anda por que os investigadores são militantes do PSDB, como prova episódio envolvendo alguns deles, como o delegado Igor Romário de Paula, da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado.

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De Paula tornou-se conhecido nacionalmente durante a eleição presidencial de 2014. Matéria do Jornal O Estado De São Paulo arrolou esse delegado como membro de um grupo de delegados da Lava Jato que insultava Dilma Rousseff e Lula no Facebook e fazia proselitismo político-partidário em favor do então candidato a presidente Aécio Neves.

Confira, abaixo, a matéria. O post prossegue em seguida.

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O trecho final da matéria do Estado figura sob o subtítulo “Sem resposta”. Diz o trecho que “Os comandos da Polícia Federal no Paraná, onde atuam os policiais da Lava Jato, e em Brasília, sede do órgão, não comentaram as manifestações dos delegados nas redes sociais no período eleitoral”.

Ora, comentar o que? A PF emitiria uma nota dizendo “Sim, quem investiga o PT é militante do PSDB e toda essa investigação contra o partido do governo tem cunho meramente político-partidário”?

Não restaria outra coisa para a PF responder, se tivesse que responder. Qualquer coisa que dissesse além disso seria uma mentira escandalosa e facilmente identificável.

Que outra prova, portanto, alguém precisa de que a Lava Jato é uma farsa destinada a dar um golpe de Estado disfarçado e, o que é pior, afundando a economia e promovendo dor e sofrimento para 200 milhões de brasileiros?

Como este post prova de forma cabal e insofismável, há um golpe de Estado em curso no país. Não existem mais instituições sérias com credibilidade para julgar quem quer que seja. Tudo o que está sendo feito pelo Judiciário, pela PF e pelo MP está sob suspeita – que, aliás, está mais para certeza.

Como reagir a essa farsa que é a Lava Jato, que está promovendo tanto sofrimento para o povo brasileiro ao paralisar a economia e gerar inflação?

Essa é a grande questão que o Brasil tem que discutir. Não existe meio de acabar com esse crime de lesa-pátria pelas vias institucionais, pois elas estão corrompidas pelo golpismo.

Essa discussão terá que ser feita. Cedo ou tarde. Melhor seria se fosse mais cedo, antes que os efeitos desse golpe político atinjam ainda mais o povo brasileiro.