Estudantes acusam Richa de financiar ataques do MBL

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O blogueiro Esmael Moraes divulgou denúncia tremendamente séria contra o governador tucano do Paraná, Beto Richa. Segundo o movimento estudantil paranaense, o governador estaria “organizando milícias fascistas” contra as ocupações de quase mil escolas paranaenses por estudantes secundaristas.

O governador Beto Richa, do PSDB, estaria pagando milícias fascistas para desocuparem mais de 900 escolas da rede pública do Paraná. Há relatos de confrontos entre estudantes e membros do MBL (Movimento Brasil Livre), que estariam atuando com violência a soldo do tucano.

Há alguns dias, membros do Movimento Brasil Livre invadiram a maior escola pública do Paraná e passaram a intimidar estudantes mobilizados contra a PEC 241. Foram enxotados, mas a mera tentativa de confrontarem os estudantes já preocupa, pois desocupar escolas depende de autorização da Justiça e só pode ser feito pela Polícia Militar.

Na segunda-feira, o grupo Advogados e Advogadas pela Democracia, que apoia a ocupação nas escolas do Paraná, emitiu uma notificação aos manifestantes contrários à ocupação porque o colégio estadual Guido Arzo, no bairro Sítio Cercado, em Curitiba, teve o portão arrombado e foi invadido pelo MBL.

De acordo com a defesa dos estudantes, vários colégios ocupados estão sofrendo intervenções do MBL como a que você vai assistir agora.

Na notificação, a defesa aponta que que as ocupações só podem ser revertidas por ações judiciais, que já são movidas pelo estado e que – em caso de violência – quem entrar na escola sem autorização fica responsável por todo e qualquer dano material e físico dos adolescentes.

Veja a notificação na íntegra:

Prezado(a) Sr.(a).: Estamos cientes da iniciativa de V. Sa. em participar/organizar grupo de pessoas na tentativa de desocupação desta escola. Se não lhe ocorreu ainda o gravíssimo risco de seu ato, fique agora ciente e ADVERTIDO do seguinte: (1) As ocupações são questões a serem resolvidas EXCLUSIVAMENTE PELA VIA JUDICIAL nas ações de reintegração de posse já em trâmite; (2) Estando a escola ocupada pelos alunos, ninguém, repetimos, ninguém poderá adentrar no local sem autorização dos manifestantes ou ordem judicial, seja oficial de Justiça, Conselho Tutelar ou Polícia, sendo crime se isto ocorrer; (3) Diante da tensão provocada nas redes sociais, em especial promovida pelo grupo mbl, contrário às ocupações, e que vem difamando os alunos nas redes sociais, o risco de haver confrontos violentos entre alunos é iminente, podendo o local se tornar uma praça de guerra; circunstância perfeitamente previsível por qualquer pessoa de inteligência mediana! Diante disso, sendo V. Sa. maior, capaz, estando ciente das consequências dessa barbárie, solicitamos a se ABSTER IMEDIATAMENTE DE QUALQUER ATO DIRECIONADO À ESCOLA, seja no portão ou arredores, devendo comunicar dessa notificação os seus pares. Caso insista, por EXPOR CONSCIENTEMENTE ADOLESCENTES À SITUAÇÃO DE RISCO E VIOLÊNCIA, vimos por meio desta, para resguardar direitos e prevenir responsabilidades, NOTIFICÁ-LO de que, por incitar este ato evidentemente hostil, Vossa Senhoria será devidamente RESPONSABILIZADO CRIMINALMENTE por qualquer lesão física ou moral que vier a ocorrer (Arts. 121, 129, 136, 137, 139, 146, 147, 286 do Código Penal entre outros) contra quaisquer adolescentes (favoráveis ou contrários à manifestação) bem como CIVILMENTE pelos danos sofridos pelos alunos, ao patrimônio público e particular. Esta notificação e o número do telefone de V. Sa. serão denunciados ao Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes), Ministério Público, Vara da Infância e Adolescência, e V. Sa. NÃO PODERÁ ALEGAR IGNORÂNCIA de que não fora devidamente advertido e notificado. Contamos com a sensatez dos senhores.

Foi nesse ambiente que um adolescente de 16 anos foi assassinado por outro adolescente de 17 no Colégio Safel, no bairro de Santa Felicidade, em Curitiba, na tarde desta segunda-feira (24).

A Secretaria de Segurança Pública confirmou que o rapaz era estudante da instituição. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, ele teve ferimentos na clavícula e na barriga, e já estava em óbito quando os socorristas chegaram ao local.

Os estudantes afirmam que os dois jovens não fazem parte do movimento de ocupação e não sabem dizer o que aconteceu. O MBL tenta responsabilizar pelo ocorrido um movimento que envolve quase mil escolas.

A atuação da PM de Richa é bastante suspeita. Em entrevista à Band News Curitiba, a advogada dos estudantes Tânia Mandarino confirmou que foi impedida de entrar na escola em que ocorreu a morte do adolescente.

Naquele momento, outros estudantes prestavam depoimento à polícia sem a presença dos advogados. Para a advogada Tânia, houve violação de prerrogativas pela polícia por não deixar advogados acompanharem o interrogatório dos estudantes.

Por conta de o MBL ter sede nacional em São Paulo, é estranho o êxodo de seus membros para Curitiba. Essa movimentação confere verossimilhança à denúncia do blogueiro Esmael de Moraes de que o governador paranaense poderia estar pagando ao MBL para fustigar os estudantes.

Ademais, o histórico do líder desse movimento tudo se torna ainda mais suspeito.

Renan Antônio Ferreira dos Santos se diz “empresário” e é o coordenador nacional do Movimento Brasil livre. Foi filiado ao PSDB de 2010 a 2015.

Segundo o UOL, Renan é réu em mais de 60 processos de ações cíveis e trabalhistas e vem sendo alvo de complicações legais desde 1998, quando tinha apenas 14 anos de idade.

http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/05/08/mbl-sofre-acao-de-despejo-e-um-de-seus-lideres-tem-divida-de-r-44-milhoes.htm

O líder do MBL responde por fechamento fraudulento de empresas, dívidas fiscais, fraude contra credores, calote em pagamento de dívidas trabalhistas e ações de danos morais, que totalizam um montante de R$ 4,9 milhões.

Em entrevista ao UOL, Renan admite que deve, mas afirma que essas pendências provém de sua atuação como empresário e que são geradas pela “dificuldade que existe na atividade empresarial no Brasil”.

Boa parte dos processos foi julgada à revelia do réu, isto é, o tempo para a empresa se defender passou sem que eles se manifestassem e a cobrança realizada na Justiça não obteve sucesso porque os tribunais não encontram valores nem nas contas das empresas, nem nas de seus proprietários.

Na época de sua fundação, o MBL se declarava apartidário, mas gravações de áudio reveladas em 2016 pelo portal UOL em matéria assinada pelo jornalista Vinicius Segalla mostram o líder do MBL afirmando que o movimento recebeu dinheiro de partidos políticos de oposição ao Governo Dilma Rousseff como DEM, PMDB, PSDB, e Solidariedade.

Contudo, a acusação envolvendo Richa é muito mais séria porque, segundo as denúncias, o dinheiro que estaria sendo repassado ao paulista MBL para atacar o movimento estudantil paranaense seria dinheiro público, do governo do Paraná.

O Ministério Público do Paraná deve entrar no caso. Em 2015, o MP-PR acusou Beto Richa pelo massacre de professores promovido pela PM. O ataque dos policiais a professores desarmados correu o mundo. Provavelmente, essa denúncia contra Richa será alvo do mesmo MP.

Recentemente, o governo de Michel Temer (integrado por PMDB, PSDB e DEM) convocou o MBL para ajudá-lo a “pensar na melhor forma de tornar as reformas da Previdência e do trabalho palatáveis para a maioria da população”. Contudo, há notícias de que dinheiro público do governo federal estaria sendo repassado ao MBL.

Um dos líderes do movimento, Renan Santos, reuniu-se este anocom Moreira Franco, que é secretário do Programa de Parcerias de Investimentos, mas ocupa espaço cada vez maior na área da comunicação de Michel Temer, substituindo Eliseu Padilha, da Casa Civil. Ali teria sido acertado o preço do MBL.

Renan Santos, o dos mais de 60 processos deu declarações de que seu MBL iria “ajudar a administração federal, se for no sentido de apoiar as reformas e desde que elas não sejam abrandadas pela pressão de alguns grupos”.

Está mais do que na hora de esclarecer a atuação do MBL em nível nacional, mas, sobretudo, esse caso no Paraná. Os estudantes estranham muito a morte do adolescente. Jamais ocorreu coisa parecida em qualquer mobilização estudantil.

Além disso, é mais do que estranho o súbito interesse do paulista MBL pelas escolas paranaenses e só por elas, apesar de estarem ocorrendo ocupações de escolas em todo país para protestar contra a PEC 241.

Já passou da hora de representar ao Ministério Público pedindo investigação das atividades do MBL e a transparência da contabilidade do movimento. É um absurdo que ninguém saiba como são financiados os enormes gastos desse movimento. Se remexerem esse lodaçal, vai brotar muita sujeira.

O que falta para representar ao MP contra o MBL? Está na hora de os movimentos sociais se mobilizarem contra esse grupo fascistoide e recoberto de mistérios. O Brasil tem que saber de onde vêm os recursos que financiam tantas e tão dispendiosas ações simultâneas desse grupo. E o que foi tratado com Temer e Richa.