Deputado Durval Angelo (PT-MG) analisa crescimento de Lula

Análise

Deputado estadual mineiro Durval Angelo Andrade (PT-MG) analisa fortalecimento de Lula nas pesquisas.

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Na noite de 27 de outubro de 2002, o Brasil conhecia seu novo presidente. Em São Paulo, onde acompanhava a apuração, ao lado de seu vice,  o empresário José Alencar, o presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva recebia um telefonema de seu adversário no segundo turno, o senador José Serra (PSDB), que reconhecia a derrota e o parabenizava pela vitória. Em seguida, Lula faria um pronunciamento no qual resumiria, em poucas frases, aquela que seria a grande motivação de seus oito anos de governo: “O mais importante: a esperança venceu o medo. E hoje eu posso dizer para vocês que o Brasil mudou, sem medo de ser feliz.”

Não foram meras palavras ao vento. Iniciava-se no país uma nova era. Um tempo de inversão de prioridades, que mudaria a história do Brasil. Não sem motivos uma pesquisa qualitativa recente, feita pela empresa Ideia Inteligência para o jornal Valor Econômico, indentificou nos eleitores um sentimento de nostalgia em relação ao período de 2003 a 2010. Isso mesmo! Os brasileiro têm saudade do Governo Lula e este deve ser um componente importante nas eleições de 2018.

É compreensivel que em momento de tantos retrocessos, a população se recorde de um governo de avanços. Entre as reminiscências dos entrevistados, estão lembranças como : “havia um equilíbrio”;  “eu arrumava emprego fácil”; “ele visa muito a igualdade social. Ele subiu a classe de muita família pobre”. Mas, para não ficarmos somente na nostalgia, merece destaque outra pesquisa recente, da Fundação Getúlio Vargas. Ela mostrou que, entre junho de 2003 e julho de 2008, o Brasil teve a maior expansão de sua economia em três décadas.

Muitos dados comprovam o período de prosperidade. Foram gerados nada menos que 15 milhões de emprego, o triplo do governo FHC, e o salário mínimo teve um aumento real de 74%. A miséria foi reduzida à metade e os investimentos públicos mais que triplicaram, saltando da média de R$ 22 bilhões anuais para R$ 75,8 bilhões. A inflação caiu para um patamar médio de 5,7%, sendo que ao final do Governo FHC,  a previsão para o ano seguinte era de 42,9%.

A melhoria dos serviços públicos foi indiscutível. O financiamento da Saúde aumentou 132,4%,  com ações como o programa Mais Saúde, a construção de cerca de 500 UPAs, a criação do Samu e do programa Farmácia Popular, cuja média de atendimentos chegou a um milhão mensais. A Assistência Social tornou-se prioridade e somente o Bolsa Família chegou a beneficiar mais de 12,6 milhões de famílas.

Os investimentos em educação aumentaram 3,6 vezes e na Educação Básica, saltaram de R$ 5,5 bilhões, em 2001, para R$ 13,7 bilhões em 2009. Foram criadas 15 universidades federais, contra somente uma no Governo FHC, e o número de vagas no ensino superior saltou de 113 mil para 222 mil. A cultura passou a ser tratada como política de Estado e seu orçamento subiu de R$ 540 milhões, em 2003, para R$ 2,2 bilhões, em 2010. Também a segurança pública adquiriu status de prioridade. Em 2007, com a criação do Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania (Pronasci), os investimentos no setor foram recorde e em 2010, o programa já havia recebido R$ 6,7 bilhões.

Sim. Naquele tempo, os brasileiros tinham muitos motivos para ser felizes e alimentar permanentemente a esperança. Não foi à toa que uma pesquisa realizada em 150 países e publicada pela revista Forbes, em 2010, apontou o Brasil como o 12º país cujo povo era mais feliz, empatado com o Panamá e à frente dos Estados Unidos. A satisfação da população também pôde ser medida pelo índice de aprovação do presidente Lula, ao final de seu governo: nada menos que 83%.

É para ter saudade mesmo. A marca daquele governo foi, acima de tudo, a busca da felicidade de seu povo, por meio da inclusão social. Por isso, não surpreende que, agora, Lula lidere todas as pesquisas de intenções de voto para as próximais eleições presidenciais, contra quaisquer adversários.  No levantamento da CNT/MDA, divulgado na última quarta-feira (15), ele teve, na espontânea, 16,6%  das intenções de voto, contra 6,5% de Jair Bolsonaro, 2,2% de Aécio Neves e 1,8% de  Marina Silva. Michel Temer foi citado como candidato favorito por somente 1,1% dos entrevistados.

Na  estimulada, Lula fica em primeiro lugar, com 30,5%, seguido, de longe, por Marina, com 11,8%, Bolsonaro, com 11,3% e Aécio, com 10,1%. Em outro cenário, com o Geraldo Alckimin como candidato do PSDB, Lula tem 31,8%; Marina Silva, 12,1%; Jair Bolsonaro, 11,7%; Geraldo Alckmin, 9,1% e Ciro Gomes, 5,3%. Lula também sairia vencedor em todas as simulações de segundo turno previstas pela pesquisa.

Para nós, da esquerda, o cenário é mais do que promissor e representa o retorno da esperança contra o medo. Mas é, também, preocupante. Além da larga vantagem do grande estadista que mudou a cara deste país, o levantamento revela que a extrema direita, com suas ideias neofascistas, é vista como segunda alternativa. Fica evidente que os golpistas deram um tiro no pé e estão sendo engolidos pelo processo. O crescimento de Bolsonaro é a prova maior de que a população já identificou o PSDB como cúmplice do golpe e corresponsável por todas as mazelas que ele trouxe.

Desta feita, a esperança com Lula tem, hoje, desafios ainda maiores que em 2002. Precisa vencer a crise institucional e política, a corrupção, a falta de transparência e a parcialidade de um Judiciário omisso, que tem dois pesos e duas medidas. Deve superar o ódio, a violência e a desagregação, cuja maior expressão está no caos que se instalou em estados da linha de frente das políticas neoliberais, como o Rio Grande do Sul, o Espírito Santo e até o Rio de Janeiro.

Há que se resgatar a esperança, mas não a da simples “espera”. Precisamos da esperança que impulsiona e transforma, como aponta o pensador judeu Ernst Bloch na obra Princípio Esperança. Uma espera que não se resigna, posto que contém a emoção da esperança, que move as pessoas para agirem contra a angústia e o medo. Uma esperança “do que ainda-não-veio-a-ser”, princípio vital e precondição para a superação da servidão e das estruturas hierárquicas da sociedade.

Bloch também nos fala da utopia. Não aquela do sonho, do irrealizável, mas, assim como a esperança, uma utopia concreta, ligada à realidade e voltada à construção de uma nova sociedade, cujos membros façam valer seus direitos e deixem o lugar de oprimidos para ousarem “andar eretos”. Lula mostrou que esta sociedade é possível. Mas não somente ele. Também aqui em Minas o governador Fernando Pimentel (PT) trouxe esta esperança transformadora e a população já pode sentir a diferença. Fato é que, segundo noticiado na imprensa, os índices de aprovação de seu governo seriam bastante animadores. Mas este já é assunto para outra reflexão. Que venha a esperança!