Nazistas dos EUA teriam ligação com grupos de direita brasileiros

Reportagem

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Com tanta coisa acontecendo no Brasil, você poderá se perguntar por que este Blog está insistindo tanto na polêmica sobre se o nazismo foi de esquerda, de direita ou tico-tico-no-fubá.

A resposta é muito simples e preocupante: grupos brasileiros de extrema-direita que tentam transformar a maior expressão da extrema-direita de todos os tempos (o nazismo) em um movimento “de esquerda” têm ligações com os nazistas que saíram às ruas da cidade norte-americana de Charlottesville para pregar suas teses racistas e, de quebra, matar pessoas.

Sim, infelizmente você entendeu direito: neonazistas norte-americanos podem estar infiltrados no Brasil em grupos de extrema-direita que se apresentam como “liberais” – não no sentido norte-americano, que equivale ao termo “progressistas” por aqui, mas no sentido de neoliberais, ou seja, defensores do “livre mercado” e da “desregulamentação” econômica.

No Brasil, há uns tipos que entraram com força no YouTube para propagar teses de direita e até de extrema-direita e que contam com um número enorme de seguidores. Um desses youtubers políticos é um tal de Raphael Lima, que pilota o canal “Ideias Radicais”.

Com um jeitão de garotão inocente, com impressionante suavidade, esse sujeito vem pregando ódio e difundindo mentiras na internet. Recentemente, apareceu neste Blog em post sobre a difusão de mentiras sobre a Venezuela no YouTube, intitulado “Assista denúncia de farsas sobre Venezuela no YouTube”

Trata-se de Raphael Lima, do canal “Ideias Radicais”, que conta com mais de 300 mil inscritos e produz vídeos acessados por centenas de milhares de pessoas.

O tamanho de Raphael no YouTube nem é dos maiores – alguns youtubers brasileiros chegam a ter MILHÕES de inscritos. Mas, em se tratando de política, ele atinge muita gente.

Quão genial o cara é para ter um público desse? Talvez sua ligação com um tal “Instituto Mises” diga alguma coisa.

O Instituto Ludwig von Mises Brasil – ou, simplesmente, Instituto Mises Brasil (IMB) – é um think-tank  “ultraliberal” brasileiro voltado à “produção e à disseminação de estudos econômicos e de ciências sociais que promovam os princípios de livre mercado e de uma sociedade livre”.

Segundo a revista Forbes, seria um think tank destinado a advogar a adoção do liberalismo econômico no mundo.

Oficialmente, o instituto Mises possui como método de ação a divulgação do pensamento da Escola Austríaca, à qual pertence o economista Ludwig von Mises, que lhe dá nome – sim, a mesma Áustria em que fica a cidadezinha de Braunau am Inn, onde nasceu Adolf Hitler.

O instituto é conhecido por tender a “uma perspectiva mais radical” das ideias liberais. Adivinhe o nome do canal no YouTube que andou vendendo a tese de que o nazismo foi “de esquerda”? O nome é “Ideias Radicais”.

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Antes de entrar no assunto, vale informar ao público desavisado que a luta para vender a teoria louca de que o nazismo seria “de esquerda” vem de longe e tem um material absurdamente farto na internet.

Uma mera busca no Google sobre os termos “nazismo e comunismo” resultará em uma avalanche de memes sugerindo e até afirmando que nazismo e comunismo/socialismo/esquerda são mesma coisa.

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O caos se apoderou de Charlottesville no sábado passado. Uma pacata cidade de 45 mil habitantes na Virgínia, nos Estados Unidos, transformou-se no centro do mundo. A maior marcha dos supremacistas brancos nos últimos anos nos EUA levou a confrontos com manifestantes contrários aos racistas e deixou três mortos. Um carro foi jogado contra manifestantes críticos aos grupos racistas.

Foi um crime “premeditado”, disse a polícia.

Esses fatos podem ter muito mais que ver com o Brasil do que se pensa, conforme revelou a revista Vice na última sexta-feira. A matéria revela ligações entre o líder dos supremacistas brancos de Charlottesville e ninguém mais, ninguém menos do que o tal Instituto Mises.

Abaixo, matéria publicada na Vice horas antes de este post ser publicado. Você vai entender de onde veio – e por que veio – essa história absurda de o nazismo, expressão máxima da extrema-direita, ter sido vendido como “movimento de esquerda”.

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