Anarquia militar, na verdade, é medo do Lula

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No último fim de semana encontrei um militar de alta patente, hoje na reserva, e que conheço desde os tempos em que era sócio do clube Círculo Militar, que fica no bairro paulistano do Ibirapuera, próximo ao Comando Militar do Sudeste e o extinto DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna), órgão subordinado ao Exército durante o regime militar de 1964.

À época em que frequentávamos o Clube – e lá se vão mais de vinte e cinco anos – os meus filhos, crianças, brincavam com os netos dele enquanto conversávamos sobre vários assuntos. Era um sujeito simpático e liberal, à época, e, inclusive, crítico ao golpe de 1964, que sempre dizia que tinha sido ruim para as instituições militares.

Residimos na mesma região, próximo ao Ibirapuera. Eis que, domingão à tarde, ele me convidou para tomarmos um drinque e aceitou imediatamente, antevendo, quem sabe, a possibilidade de uma entrevista ou de informações privilegiadas sobre o que o jornalista Elio Gaspari está chamando de “volta da anarquia militar”.

O sujeito é rico. Mora em um luxuoso condomínio em um dos bairros mais elegantes de São Paulo, o bairro do Ibirapuera. Como todos os chefes militares da época da ditadura, ele se deu bem, enriqueceu muito. Toda essa gente vive como nababos.

A empregada me serviu uma cachacinha mineira e um copo d’água e ficamos conversando quase uma hora.

As informações que obtive são muito simples. É claro que a situação patética de Michel Temer, processado pela Justiça e envolvido até o pescoço em corrupção, não é a razão das declarações de generais como Mourão, Heleno e cia. Ltda, agora com endosso do general Villas Boas.

Apesar da impopularidade, Temer vem servindo bem à elite étnica, financeira, geográfica e empresarial que fomentou tanto o golpe de 1964 quanto o de 2016. O fato de estar sendo processado por corrupção mesmo no exercício do cargo não incomoda nem militares, nem empresários, nem ninguém que compactou com os golpes de Estado pretéritos.

O problema é que os militares têm informações de que, se Lula for candidato a presidente e puder concorrer, será o próximo presidente da República sem choro nem vela. Os militares acham que nem Bolsonaro, nem Doria, nem Alckmin serão páreo para ele.

O recado dos militares, portanto, é o de que o Judiciário trate de condenar e até prender Lula para que até para apoiar algum candidato de esquerda ele tenha dificuldade, pois, se estiver solto, mesmo impedido de competir, ainda assim será muito perigoso, pois o povo, agora desesperado com o recrudescimento da pobreza no país, votará em quem ele mandar.

O país precisa chamar os militares às falas. A sociedade deve exigir deles o compromisso de não se meterem em política. Se não quiserem se submeter, há que fazer  ampla denúncia internacional para impedir que usurpem a lei e o Poder de Estado.

O problema dessa gente não é, nunca foi e nunca será a corrupção. Durante a ditadura roubaram desbragadamente. Só que, à época, ninguém podia falar nada. E, se falasse, “sumia”

Cabe a cada um de nós pressionar os poderes constituídos para que exijam dos militares que assumam o compromisso de não se intrometerem em política e de respeitarem a Constituição. E o primeiro passo será os setores democráticos da imprensa tradicional e/ou alternativa deixarem claro que não existe dispositivo constitucional que autorize “intervenção militar”. A militares de alta patente que acreditam nessa tolice.

 

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