Interventor militar do Rio vai à favela, mas não fala sobre Marielle

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Em sua primeira aparição pública após o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes o interventor na segurança pública do Rio, general Walter Souza Braga Netto, evitou a imprensa e não deu declarações sobre o assunto.

Ele participou na manhã deste sábado (17) de ação social promovida pelas Forças Armadas em parceria com o governo estadual e a prefeitura do Rio na Vila Kennedy, foco principal da atuação das Forças Armadas após a intervenção.

Braga Netto se reuniu com o secretário estadual da Casa Civil, Christino Áureo, com representantes da prefeitura e com o comandante da Polícia Militar, coronel Luiz Claudio Laviano, por cerca de uma hora.

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), estava na Vila Kennedy, mas não participou da reunião. Ele recebeu Braga Netto na escola municipal onde ocorreu o encontro mas seguiu logo depois para a Praça Miami, na entrada do bairro, para entregar tendas a comerciantes que tiveram seus quiosques confiscadas pela prefeitura durante operação conjunta na semana passada.

Na saída da reunião, Braga Netto foi abordado pela imprensa, mas disse que não falaria. Andou por dois quarteirões até seu carro cercado por seguranças que tentavam impedir fotografias e aproximação dos repórteres. Em sua única declaração sobre o caso, em nota oficial, o interventor afirmou que repudia ações criminosas como a que vitimou Marielle e Anderson e que acompanha o caso com a Secretaria de Segurança do Rio.

O porta-voz do Comando Militar do Leste, Carlos Cinelli, limitou-se a dizer que o crime premeditado contra Marielle e Anderson está sendo analisado pelo comando conjunto que gere a área de segurança do Rio.

Na ação social deste sábado, que teve o objetivo de aproximar as forças da população, foram oferecidos serviços como emissão de documentos, atendimento médico e jurídico e vacinação contra febre amarela.

“O apoio da população é fundamental. É lógico que é desagradável ter a presença das Forças Armadas na sua comunidade, mas estamos aqui para proteger a população”, disse o coronel Cinelli.

Desde o início da manhã, eram grandes as filas de moradores em frente à escola.

“Estou há um tempão para incluir meu nome de casada nos documentos, mas nunca consigo”, comentou a auxiliar de serviços gerais Denise Cristina Gomes, 37, que levou também o filho para tirar a carteira de identidade.

Ela diz temer, porém, que a atenção das autoridades com a região seja apenas temporária. “Tinha que ser para sempre”, afirma Denise, que apoia a presença das Forças Armadas na Vila Kennedy.

“É só maquiagem” concorda Dayanne Cristine Moreira da Silva, 33, uma das comerciantes que perdeu o quiosque na semana passada. Neste sábado, Dayanne recebeu uma tenda da prefeitura e a licença para trabalhar na praça.

Um novo quiosque, porém, só deve vir em seis meses, segundo ela. “Tenho três filhos, não dá para ficar seis meses sem trabalhar”, disse ela, que improvisou um balcão de madeira para vender seus produtos.