Após repúdio internacional à prisão de Lula, Lava Jato cogita sacrificar UM tucano

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Após forte repercussão negativa no exterior devido à prisão do ex-presidente Lula, com personalidades e entidades dos quatro cantos da Terra falando em “naufrágio da democracia brasileira”, investigadores ligados à operação prometem, AGORA, “apurações contra líderes de outros partidos”.

O delegado da Polícia Federal Milton Fornazari Júnior, da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros em São Paulo (Delecor), afirmou em uma rede social que “agora é hora de serem investigados, processados e presos os outros líderes de viés ideológico diverso, que se beneficiaram dos mesmos esquemas ilícitos que sempre existiram no Brasil (Temer, Alckmin, Aécio etc).”

Há dúvidas em relação a isso, já que há outros políticos do  PSDB que já foram até condenados em segunda instância, como o ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo, de Minas, e até agora a Justiça nem sequer cogitou a prisão, o que está sendo visto, no exterior, como prova de que Lula foi alvo de perseguição política.

O jornal O Estado de São Paulo procurou no sábado as assessorias do presidente Michel Temer (MDB), do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do senador Aécio Neves (PSDB-MG), mas, até a noite deste domingo, 8, nenhuma delas se havia manifestado.

Temer foi denunciado duas vezes e é investigado em um inquérito pela Procuradoria-Geral da República. Aécio foi denunciado e é investigado na Lava Jato. Alckmin é investigado em inquérito por caixa 2 no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em razão da delação da Odebrecht.

O texto de Fornazari foi publicado no sábado, 7, no momento em que Lula era levado pela PF para Curitiba (PR). A um amigo que lhe perguntou se podia compartilhar, ele respondeu: “Fique à vontade”.

No domingo, 8, porém, segundo o Estadão, o policial o retirou a publicação do ar, deixando ver que não existe acordo na Lava Jato em relação a apurar crimes de tucanos e peemedebistas.

Experiente, o delegado tem em seu currículo a apuração sobre o cartel do Metrô de São Paulo. Também foi responsável pelo inquérito que apura desvios de recursos nas obras do Rodoanel, em São Paulo, que levou à prisão de Paulo Vieira de Souza, ex-diretor do Dersa, apontado como operador do PSDB paulista. Ele é ainda especialista em cooperação internacional para identificação de lavagem de dinheiro e ocultação de valores.

Entretanto, até hoje nenhum político tucano foi responsabilizado. Só os subordinados de Alckmin e Serra, responsáveis pelos dois escândalos acima citados, foram indiciados.

 

O delegado da Polícia Federal Milton Fornazari Júnior, da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros em São Paulo (Delecor), afirmou também que “Se não acontecer [prisão de políticos de outros partidos além do PT] e só Lula ficar preso, infelizmente, tudo poderá entrar para a história como uma perseguição política.”

No, foi a vez do procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, desmentir a acusação de “seletividade” da Lava Jato feita por petistas. Ele comentou uma reportagem de O Globo que mostrava investigações que envolviam além de Lula e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB), Temer e Aécio.

Porém, o procurador em questão não contou que o único dos citados que está  preso, Sergio Cabral, era apoiador de Lula, e de que os outros não estão sequer sendo processados.

“Mas ainda é preciso fazer mais por todo o Brasil. Lute pelo fim do foro privilegiado, de mudanças nas leis penais e no fortalecimento da democracia.”

 

Após a prisão de Lula, a Associação Nacional de Delegados Federais publicou uma nota na qual dizia que a PF “não tem cor, nem partido – tem missão! E exerce seu papel independentemente de quem seja o investigado, com equilíbrio, moderação e responsabilidade”.

Isso se deve à péssima repercussão no exterior, com críticas na imprensa internacional à Lava Jato e ao Estado brasileiro por só perseguirem petistas. A Lava Jato apressou-se a divulgar nota para se explicar.

Eis a nota da Polícia Federal

informamos que:

1) O delegado de Polícia Federal Milton Fornazari Jr. não é responsável pela Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros em São Paulo, tendo exercido a chefia da delegacia de 26/10/2015 a 02/11/2016.

2) O mencionado servidor não faz parte do corpo diretivo da PF em São Paulo e tampouco é porta voz desta instituição.

3) A PF jamais se manifesta oficialmente por meio de perfis pessoais de seus servidores.

4) As declarações proferidas são de cunho exclusivamente pessoal, e contrariam o normativo interno referente a manifestações em nome da instituição, razão pela qual serão tomadas as medidas administrativo-disciplinares em relação ao caso concreto.

5) A PF reitera seu compromisso, como polícia republicana, de trabalhar de forma isenta, discreta e apartidária, nos estritos limites da lei.

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