Após ataque xenofóbico, Roraima corre risco de apagão por ser abastecido pela Venezuela

Todos os posts, Últimas notícias

A governadora de Roraima, Suely Campos (PP), foi a Brasília nesta terça-feira para cobrar uma posição do governo federal após ameaças da Venezuela de cortar o fornecimento de energia ao Estado, que é abastecido com importações de eletricidade do país vizinho cujo pagamento ficou pendente.

Após reunião com o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco (MDB-RJ), no entanto, a governadora descartou riscos de um desabastecimento no Estado e disse que recebeu garantias de que o governo está comprometido em resolver a questão.

No final de agosto, o Ministério de Minas e Energia disse que a Eletronorte, da Eletrobras, tem enfrentado dificuldade para efetivar pagamentos à venezuelana Corpoelec devido a problemas no sistema bancário do país vizinho, e não por falta de recursos. Na ocasião, a pasta disse que havia acionado o Banco Central para tentar uma solução.

“Não existe nenhuma possibilidade de interrupção de fornecimento de energia… surgiu alguma notícia de que isso iria acontecer, mas isso não é verdade”, disse Suely a jornalistas ao sair da reunião com o ministro.

Mais cedo nesta terça-feira, a governadora havia expressado preocupação de que uma eventual suspensão do fornecimento pela Venezuela pudesse gerar “caos social sem precedentes” no Estado, que já tem recebido grande número de imigrantes venezuelanos em meio à crise do país socialista.

O governo de Roraima também afirmou anteriormente que não vinha recebendo informações da União sobre a situação de suprimento ao Estado, mesmo após enviar ofícios ao presidente Michel Temer e ministérios em que cobrava explicações.

Após a conversa com Moreira Franco, Suely afirmou que o governo brasileiro busca agora uma solução alternativa para viabilizar os pagamentos à Venezuela pela energia que supre o Estado, mas não entrou em detalhes.

Ela afirmou ainda que sugeriu ao ministro que a estatal Eletrobras seja envolvida na manutenção de uma linha de transmissão que leva a energia da Venezuela a Roraima e que sofre constantes falhas devido às suas condições precárias em meio à crise financeira do país vizinho.

“Ele acha viável, a Eletrobras poderia fazer essa manutenção, desde que o governo venezuelano acate essa possibilidade”, afirmou.

Representantes do Ministério de Minas e Energia não falaram com a imprensa após a reunião.

ALTERNATIVAS DE SUPRIMENTO

O governo de Roraima também informou que tem conduzido estudos sobre alternativas de suprimento de energia, incluindo a possibilidade de instalação de usinas eólicas. O Estado instalou duas torres de medição de ventos no município de Bonfim, onde resultados preliminares indicariam viabilidade técnica para a implementação de projetos de geração.

Segundo o governo local, a possível instalação de usinas eólicas no Estado atrai “interesse de diversas empresas”.

Em meio à incerteza sobre o suprimento da Venezuela, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já autorizou um aumento em encargos cobrados na conta de luz para custear o acionamento de termelétricas a diesel em Roraima e suprir a demanda local mesmo em um cenário de corte na oferta venezuelana.

De Reuters.