Temer mente descaradamente na tribuna da ONU

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Michel Temer discursou ontem na ONU e disse que irá “Entregar o país melhor do que recebeu”. De entregar o país ele entende, mas como pode estar melhor um país que após dois anos e meio do golpe tem mais desemprego, mais pobreza, mais mortalidade infantil?

O presidente Michel Temer usou seus 21 minutos de discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU —seis a mais que o previsto— para criticar “recaídas unilaterais” e a intolerância e para reforçar que o Brasil é uma “democracia vibrante, lastreada em instituições sólidas”.

Às 9h45 (10h45 em Brasília), Temer subiu pela terceira vez ao púlpito da Assembleia-Geral como presidente, mantendo a tradição do Brasil de abrir o debate do órgão. ​

“Reavivam-se velhas intolerâncias. As recaídas unilaterais são cada vez menos a exceção”, afirmou Temer.

“O isolamento pode até dar uma falsa sensação de segurança. O protecionismo pode até soar sedutor. Mas é com abertura e integração que alcançamos a concórdia, o crescimento, o progresso”, disse, em aparente alusão a Trump.

“Temos que permanecer coesos em torno desta obra coletiva que é erguer um mundo em que predominem a paz, o desenvolvimento e os direitos humanos. Nada conseguiremos sozinhos”.

Para Temer, isso só será obtido  com o fortalecimento da ONU. “Precisamos torná-la mais legítima e eficaz.” Ele disse que o organismo precisa de reformas, especificamente o Conselho de Segurança —reivindicação antiga do Brasil, deixada em segundo plano por Temer e por sua antecessora, Dilma Rousseff.

“Como está, [o CS] reflete um mundo que já não existe mais”, afirmou, aludindo ao fato de apenas cinco países (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França, os vencedores da 2ª Guerra Mundial, terem direito a veto no órgão).

A citação ocorre em um momento em que o mundo observa um aumento do protecionismo, em meio a uma disputa comercial entre EUA e China que eleva a aversão a risco nos mercados financeiros, e que o governo de Donald Trump abandona pactos internacionais.

Temer também usou seus discurso para tentar minimizar os riscos das eleições presidenciais no Brasil, dizendo que a alternância no poder é a “alma mesma da democracia.” “E a nossa é uma democracia vibrante, lastreada em instituições sólidas.”

Para Temer, o país que ele entrega ao próximo presidente “é melhor do que aquele que recebi”. “Muito ainda resta por fazer, mas voltamos a ter rumo”, disse, dizendo ter a sensação do dever cumprido.

Temer afirmou à plateia que o Brasil disse não ao populismo e venceu a pior recessão da história, “com severas consequências para a sociedade, sobretudo para os mais pobres”.

A crise migratória na Venezuela, que já trouxe ao Brasil mais de 120 mil venezuelanos (dos quais pouco menos da metade permanece no país) e espalhou mais de 2 milhões deles pela região, foi citada pelo presidente, que afirmou que o Brasil tem recebido “todos os que chegam” ao país.

“Com a colaboração do Alto Comissariado para Refugiados, construímos abrigos para ampará-los da melhor maneira. Temos promovido sua interiorização para outras regiões do Brasil. Emitimos documentos que os habilitam a trabalhar no país. Oferecemos escola, vacinação e serviços de saúde para todos.”

O conflito israelo-palestino, como praxe, foi lembrado com apoio à solução de dois Estados, assim como uma saída diplomática para as Coreias do Sul e do Norte, tecnicamente em guerra desde 1953.

Temer lembrou ainda as negociações da Agenda 2030 de desenvolvimento da ONU e o Acordo de Paris, abandonado por Trump. “São verdadeiros marcos, que nos colocam no caminho do crescimento econômico com justiça social e respeito ao meio ambiente.”

Da FSP.