Bolsonaro revela seu despreparo ao fugir de debate na Globo

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Talvez o aspecto mais dramático da condução fortuita de um energúmeno como Jair Bolsonaro à possibilidade de governar a nona economia do mundo, com um PIB de mais de US$ 2 trilhões e mais de 200 milhões de habitantes, seja ele ter passado pela campanha eleitoral – até aqui – sem ser minimamente confrontado com os adversários.

Ainda que o atentado sofrido por ele não tenha sido sua culpa, acabou sendo um golpe de sorte. Cada vez que ele se expõe ao contraditório, estanca nas pesquisas. Se não fosse esse atentado, talvez nem fosse ao segundo turno.

O emocional de uma população desesperada com a crise criada pela direita judiciária-midiática engendrada para derrubar Dilma Rousseff pode levar à Presidência da República alguém sem preparo para gerir um boteco.

E, mais uma vez, o atentado a Bolsonaro lhe fornece a desculpa perfeita para não se expor ao debate final do primeiro turno, na TV Globo. Por serem realizados à véspera das eleições, os debates da Globo, levados ao público nas antevésperas das eleições, são os que mais têm potencial para fortalecer ou derrubar candidatos, pois é na véspera das eleições que o eleitor brasileiro decide seu voto.

Apesar de ter tido alta, Bolsonaro usa a desculpa do atentado, com a cumplicidade de seus médicos, para escapar de um confronto de ideias que poderia lhe tirar preciosos pontos, pois seria “desossado” pelos adversários, todos mais preparados que ele.

Assim, o candidato da extrema-direita brasileira tira do eleitor a possibilidade de vê-lo falar a sério, já que tudo que se sabe sobre esse indivíduo é que tem imensa capacidade de dizer atrocidades como se recitasse poemas. Levar à Presidência alguém que teme tanto confrontar suas ideias com adversários seria talvez a maior desgraça eleitoral da história deste país.