Consultor de Bolsonaro quer aliviar a barra de quem explora trabalho escravo

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Um dos principais conselheiros de Jair Bolsonaro (PSL) no setor do agronegócio, o ruralista Luiz Antônio Nabhan Garcia defendeu nesta quarta-feira a flexibilização das punições ao trabalho escravo. Para Nabhan, “empresário que paga imposto e trabalha” não pode ser considerado “escravocrata”.

“Se algum produtor aqui eventualmente comete uma arbitrariedade na questão trabalhista, ele não pode ser transformado em um escravagista”, afirmou Nabhan. Presidente da União Democrática Ruralista (UDR), o fazendeiro disse que “uma simples irregularidade trabalhista não pode ser transformada em trabalho escravo”.

“Como é que quem está gerando emprego, produzindo, trabalhando, pagando imposto pode ser considerado escravagista? O que tivemos aí nos governos anteriores, em especial do PT, são instituições que foram transformadas em órgãos de perseguição ideológica. Isso não pode existir”, afirmou. “Essa analogia ao trabalho escravo tem que ser muito mais aprofundada. Não pode simplesmente por uma irregularidade, uma irregularidade”, disse Nabhan, que é foi cotado para comandar o Ministério da Agricultura em um eventual governo Bolsonaro.

Nabhan disse que o próximo governo deve agir em sintonia com os ruralistas e criticou a “indústria da multa”. “O que não podemos aceitar é uma indústria da multa em cima de posições ideológicas e políticas. Temos que mudar muitos critérios. Tem que ser muito mais educativo do que de punição”, afirmou.

Nabhan voltou a criticar o Acordo de Paris. Disse que não pode haver “desmatamento zero” e defendeu mundanças no documento. “Não vamos pagar a conta sozinho. Vamos sentar e rever muitas coisas”.

Após reunião com Bolsonaro e um grupo com cerca de 40 produtores rurais na casa do presidenciável, no Rio, Nabhan afirmou também que o candidato à Presidência, se eleito, poderá rever a proposta de fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.

“Podemos rever sim a fusão da pasta da Agricultura com o Meio Ambiente. Se tiver que funcionar a pasta da Agricultura aqui e o Ministério do Meio Ambiente lá, tudo bem. Vai valer a vontade da maioria da sociedade brasileira. Ninguém pode ter mais esse governo como autoritário, duro, sem flexibilidade, com arrogância”, disse ele, que é presidente da União Democrática Ruralista (UDR).

“Se for melhor para o Brasil, que haja Ministério da Agricultura e Ministério do Meio Ambiente. Depois de eleito todos vão sentar, o presidente vai ouvir a sociedade e se tiver que ser revista essa posição será revista, sem problema algum”, reiterou o ruralista, um dos cotados a ministro da agricultura.

As declarações contrariam opinião manifestada pelo próprio Nabhan minutos antes do encontro com Bolsonaro. Antes de entrar para a reunião, o presidente da UDR havia dito que a junção dos dois ministérios era inevitável. Questionado depois sobre o recuo, Nabhan desconversou. Disse que a equipe de Bolsonaro “está ouvindo a todos”. “Não vamos radicalizar.”

A mudança no discurso se deu depois que Bolsonaro reuniu-se na semana passada com deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que divergem sobre essa proposta de fusão. A frente resiste também à indicação de Nabhan para comandar a Agricultura.

Do Valor Econômico