Bolsonaro pede a benção de Malafaia para escolher Ministro da Educação

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Há duas semanas, o presidente eleito, Jair Bolsonaro , sondou pessoalmente o pastor Silas Malafaia sobre a possível indicação do procurador regional da República Guilherme Schelb para o Ministério da Educação. Preocupado em não desagradar um dos principais setores que deram suporte à sua eleição, o presidente eleito questionou Malafaia se Schelb tinha as bençãos da bancada evangélica do Congresso.

Bolsonaro me perguntou se Guilherme Schelb tinha o apoio da bancada evangélica. Ele não está negociando com os partidos, então falou comigo. Eu falei que “tem” – disse Malafaia.

Com o aval de Malafaia, o presidente teria então passado a considerar a possível indicação. Era isso, pelo menos, o que imaginavam os evangélicos até verem surgir na imprensa nesta quarta-feira uma série de rumores de que o presidente eleito teria escolhido ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco Mozart Neves, atual diretor do Instituto Ayrton Senna, para o cargo. A reação de ira dos evangélicos foi sintetizada pelo deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ).

– Nós, a bancada evangélica, somos totalmente contra o nome dele e já externamos isso ao gabinete de transição. Vamos interpretar a escolha do nome dele como uma afronta. Para nós, o futuro governo pode errar no que quiser, menos no Ministério da Educação – disse Sóstenes.

Uma maneira de não “errar”, segundo o deputado, seria acatar a indicação de Schelb. Cotado para comandar a Educação, uma pasta com R$ 122 bilhões de orçamento para 2019 metida em uma das discussões ideológicas mais explosivas do Congresso, o projeto Escola Sem Partido.

Schelb, um defensor da proposta – que veda o ensino de conteúdos relacionados a orientação sexual e uma suposta doutrinação ideológica nas escolas –, chegou a ser sondado em sigilo, há duas semanas, por uma junta de deputados evangélicos, antes de ser oferecido ao presidente eleito para o cargo.

Nesta quinta, depois de contornar a crise com os evangélicos, Bolsonaro afirmou que o nome cotado é mesmo o de Guilherme Schelb. O procurador deve se reunir com o presidente eleito ainda nesta tarde. Para o pastor Silas Malafaia, principal apoiador de Schelb, o possível ministro “manja muito” de assuntos relacionados ao projeto Escola sem Partido, como “ideologia de gênero” e “não tem medo de enfrentar pressão”.

– É um cara muito inteligente e preparado. Ele se arrisca, esses anos todos escreveu sobre ideologia de gênero, instruiu pais e professores sobre como lidar com o tema. O nome dele circula há muito tempo no meio evangélico. É uma fonte de informação a que a bancada evangélica recorre constantemente – afirmou.

Para Marcos Feliciano, “Guilherme tem o perfil que o presidente Bolsonaro exige”, com “preparo intelectual e filosófico”.

Do O Globo