Bolsonaro sequer passaria no Enem. Como vai fiscalizar?

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É ridícula a informação divulgada pelo ridículo futuro ministro da Educação – aquele que quer celebrar a ditadura militar – de que Bolsonaro irá fiscalizar a prova do Enem antes que seja aplicada aos estudantes brasileiros. Afinal, o próprio Exército, que Bolsonaro tanto exalta, já demonstrou que ele sequer passaria na prova do Enem. Como poderia fiscalizá-la?

Como surgiu esse espécime tão comum entre os comuns que realizou a incomum façanha de chegar ao poder apesar de sua trajetória tão medíocre? Foi um julgamento por um ato criminoso que tirou esse sujeito do anonimato.

Segundo o jornal O Estado de São Paulo (bolsonarista), foi um julgamento que “tirou Bolsonaro do anonimato. A matéria relata que “Entre 1987 e 1988, Bolsonaro foi julgado duas vezes (…) sob a acusação de ter tido conduta irregular e praticado atos que afetam a honra pessoal, o pundonor militar e o decoro da classe”.

Na primeira instância, em janeiro de 1988, Bolsonaro foi considerado culpado pela unanimidade dos três julgadores, todos oficiais militares. Áudio de um trecho do julgamento obtido pelo jornal – e que pode ser ouvido no vídeo ao fim do texto – revela o baixíssimo nível educacional e cultural do futuro presidente da República.

O então ministro do Superior Tribunal Militar José Luiz Clerot, que acusa Bolsonaro, deixa muito claro o nível intelectual rasteiro de um indivíduo que o Brasil cometeu o desatino de colocar na Presidência da República.

Cortemos para o presente. Dias atrás, Bolsonaro tomou contato com uma questão do Enem deste ano que o escandalizou e que versava sobre linguagens brasileiras. “O que que faz com que um dialeto adquira o status de patrimônio linguístico?” Este era o tema central da pergunta da prova de Linguagens do Enem, no domingo, 4.

A questão do Enem usava um exemplo criativo para instigar os estudantes. Tratou de um tal “dialeto pajubá”, um “dialeto secreto de gays e travestis”, segundo constava na prova.

A razão da pergunta é muito simples. Não é necessário conhecer o vocabulário dos homossexuais. O que o aluno deveria compreender, segundo professores, é que existir um dicionário desse vocabulário dá a ele o status de patrimônio linguístico.

Não se trata de uma opção política ou pessoal, trata-se do estudo das linguagens. Mas para conhecer algo assim, o indivíduo precisa ter um mínimo de refinamento intelectual e/ou político, o que não é o caso de Bolsonaro, como ficou claro.

Furioso por uma prova pública abordar o dialeto de um grupo social que congrega MILHÕES de brasileiros, o grupo social dos homossexuais, Bolsonaro agora quer avaliar PESSOALMENTE a prova do Enem antes de ser ministrada aos estudantes brasileiros.

O futuro ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou nesta segunda (26), em Londrina (PR), que dará aval para a consulta prévia das provas do Enem pelo presidente eleito Jair Bolsonaro caso seja o desejo dele. “Se o presidente se interessar, ninguém vai impedir. Ótimo que o presidente se interesse pela qualidade das nossas provas”.

É preocupante que um sujeito que, como disse o ministro do Superior Tribunal Militar, não sabe nem que frases começam com letra maiúscula na primeira palavra, pretenda “corrigir” uma prova vital para os estudantes brasileiros como a do Enem. Afinal, segundo o STM, Bolsonaro sequer passaria nessa prova se a ela fosse submetido.