Brasileiro, presidente da Nissan tem prisão decretada no Japão

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O presidente do Conselho de Administração da Nissan, Carlos Ghosn, foi preso no Japão nesta segunda-feira por suspeita de ter violado leis financeiras locais, informou o canal de televisão público NHK. Logo pela manhã, a montadora – que vinha colaborando com as investigações – divulgou nota dizendo que iria demiti-lo. O anúncio pegou o mercado e executivos do setor de surpresa. O superpoderoso Ghosn era considerado um ícone de sucesso no mundo dos negócios.

A Nissan vinha conduzindo investigações internas para apurar suspeitas de má conduta do executivo e do diretor Greg Kelly. Segundo a Bloomberg, essas investigações mostraram que, por vários anos, ambos informaram à Bolsa de Tóquio ter recebido um valor menor que o efetivamente recebido em compensações financeiras. Além disso, Ghosn adotou outras práticas ilícitas, como o uso de bens da empresa para fins pessoais, disse a Nissan.

Segundo a NHK, esses desvios de conduta fizeram a Procuradoria de Tóquio deter Ghosn sob suspeita de violação da Lei de Instrumentos Financeiros e Cambiais. Ele concordou em prestar depoimento voluntariamente.

Nascido no Brasil, em Porto Velho (RO), filho de pai libanês e mãe francesa, Ghosn acumulava a presidência do Conselho da Nissan com a presidência executiva da Renault. Em junho, os acionistas da Renault aprovaram uma remuneração para Ghosn de 7,4 milhões de euros (US$ 8,45 milhões) para 2017. Além disso, ele recebeu 9,2 milhões de euros em seu último ano como executivo-chefe da Nissan.

Com 64 anos, Ghosn iniciou sua carreira na Michelin, na França, e depois começou a trabalhar na Renault. Ele se juntou à Nissan, em 1999, depois que a Renault comprou uma participação na empresa e se tornou seu presidente-executivo em 2001, ocupando o cargo até 2017. Embora tenha deixado a presidência da Nissan no ano passado, ele permaneceu como presidente do Conselho. Ghosn é bem visto por ter resgatado a Nissan praticamente da falência.

Porta-vozes da Renault e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi não retornaram imediatamente ligações e mensagens em busca de comentários.

As ações da Renault registravam queda de 10,08% Bolsa de Paris,  enquanto que as da Nissan, na Bolsa de Tóquio, fecharam com variação negativa de 0,45%.

O conselho de administração da Renault “se reunirá o mais rápido possível” para discutir a situação após a prisão de Ghosn, informou a montadora, acrescentando estar ciente das informações divulgadas pela Nissan — parceiro japonês do grupo, que vai se pronunciar na quinta-feira sobre a demissão de Ghosn. O Conselho de Administração da Renault também disse que está “aguardando informações específicas” por parte do executivo, de acordo com um comunicado.

A confederação sindical CFE-CGC do grupo Renault se disse “preocupada” com o futuro da montadora após a prisão de Ghosn e pediu para a direção geral da empresa “certificar-se de que não haja quebra na cadeia de gestão”.

“O CFE-CGC solicita oficialmente que sejam tomadas todas as medidas dentro do grupo para preservar os interesses do grupo Renault e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi” — disse à AFP Bruno Azière, delegado do sindicato.

Do O Globo