Equipe de Bolsonaro teme resistência democrática nas universidades

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A equipe de transição do futuro governo Bolsonaro que cuida da área de educação está preocupada com um levante das universidades federais contra a nova gestão. O temor foi sinalizado em uma reunião na terça-feira, dia 20, no Ministério da Educação (MEC). Os interlocutores de Bolsonaro fizeram o primeiro de uma série de encontros com técnicos da pasta.

Na reunião, que durou mais de duas horas, com técnicos da Secretaria-Executiva do MEC e representantes de outras áreas da pasta, a equipe de transição recebeu informações gerais sobre cada setor. Entre uma pergunta e outra, manifestaram receio de um cenário conturbado nas universidades federais, que consideram um espaço de politização à esquerda, em oposição ao novo governo.

Os recentes casos de confronto nas universidades, com as eleições como pano de fundo, acenderam o sinal vermelho para a equipe que cuida da transição. Na véspera do primeiro turno, instituições foram fiscalizadas, por ordem de juízes eleitorais, por supostamente estarem fazendo propaganda eleitoral irregular.

Em alguns casos, faixas e cartazes não mencionavam o nome de qualquer candidato, embora pudessem ser interpretados como manifestações contra o então candidato Jair Bolsonaro. O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que as ações de fiscalização fossem proibidas.

Depois das eleições, o clima não arrefeceu. Houve tumultos, vandalismos e ameaças veladas em várias universidades do país, como na Universidade de Brasília (UnB), onde grupos contrários e favoráveis a Bolsonaro quase entraram em confronto.

A equipe de transição recebeu um alerta de que a intenção de corte de cargos, bandeira da gestão Bolsonaro para mostrar eficiência e combate ao desperdício de recursos, pode paralisar o andamento de certas atividades do MEC.

Dos 301 mil funcionários ativos, cerca de 90% são servidores concursados, e o restante se distribui entre contratos temporários e celetistas — esta parcela é considerada fundamental pela atual gestão para a continuidade de programas da pasta.

Tema da educação ligado à agenda defendida por Bolsonaro, o projeto Escola Sem Partido, que a Câmara tenta votar, não foi objeto de discussões abertas nessa reunião. No entanto, a equipe de Bolsonaro ouviu de representantes do MEC que a proposta não trará resultados práticos, além de deteriorar as condições dos professores em sala de aula.

A formalidade, porém, deu o tom do encontro, que ocorreu de forma “republicana”, como um integrante da equipe de Bolsonaro classificou.

Do O Globo