Fim do Ministério do Esporte prejudicará economia e inclusão social

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Durante a campanha presidencial, sobraram ataques entre os adversários e faltou clareza nas propostas. As informações que temos até aqui dão conta de que o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), pretende acabar com o Ministério do Esporte. Seria uma forma de reduzir a máquina e, segundo o seu raciocínio, economizar.

Numa democracia, o debate argumentativo tem papel importante. O esporte, pelo que representa para o país, não apenas do ponto de vista do alto rendimento, mas, sobretudo, pelo aspecto de inclusão social, deve ter um órgão próprio para pensar políticas públicas e difundir programas, com receitas que atendam às necessidades.

Somos um ministério que mostra resultados sociais. Todos sabemos dos benefícios do esporte na saúde, na geração de empregos e na prevenção à violência.

Lançamos nos últimos dois anos projetos como Esporte e Cidadania e Brincando com Esporte. O primeiro ensina modalidades a crianças e adolescentes de comunidades carentes ou em conflito com a lei. O segundo oferece opções de lazer, esporte e cultura a crianças no tempo livre durante as férias e o recesso escolar. Isso sem falar em programas tradicionais, como Esporte e Lazer da Cidade e Segundo Tempo.
Este último já atendeu 4 milhões de estudantes da rede pública de ensino.

Campeões como o canoísta Isaquias Queiroz, maior medalhista individual do país na história olímpica, e a judoca Rafaela Silva, ouro nos Jogos Rio-2016, foram revelados por programas socioesportivos. Jovens que, ao fazerem a transição para o alto rendimento, contam com o apoio de iniciativas como a Bolsa Atleta e a Bolsa Pódio.

Das 19 medalhas conquistadas pelo Brasil nas Olimpíadas do Rio, 18 pertencem a bolsistas do ministério. Nos Jogos Paralímpicos, foram todos os 72 pódios.

A existência de um ministério específico também garante o cumprimento da Convenção Internacional contra o Doping nos Esportes, além do atendimento às diretrizes do Código Mundial Antidopagem.

A estruturação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJDAD), exigências da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), e o investimento para modernizar o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem foram fundamentais para o país ficar em conformidade com as normas internacionais. Brasil e Colômbia são os únicos países sul-americanos com laboratórios credenciados pela Wada.

Do ponto de vista administrativo, não faz sentido extinguir um ministério já enxuto. A economia pretendida é inexpressiva, e a decisão causaria impacto negativo em todo o processo de gestão. Boa parte do orçamento se destina a programas como Bolsa Atleta, extensão dos Centros de Iniciação ao Esporte (CIEs) e repasses de recursos garantidos por lei, por exemplo, ao Comitê Olímpico do Brasil (COB), ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e ao Comitê Brasileiro de Clubes (CBC).

O esporte é importante demais para virar subtema de outra pasta. Acabar com o ministério é abrir mão de uma política de inclusão social, além de reduzir as chances de nossos jovens se tornarem campeões, que nos encherão de orgulho quando subirem ao pódio, com a bandeira hasteada e o Hino Nacional sendo entoado por milhões de brasileiros.

Da FSP