Julgamento de Sergio Cabral na 2ª instância começará em dezembro

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Preso em Bangu 8, o ex-governador Sérgio Cabral começará a ter suas condenações na Lava-Jato analisadas pela segunda instância da Justiça Federal do Rio a partir de dezembro. O julgamento da primeira ação pelos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) acontecerá dois anos após a prisão, completados ontem.

O caso que está na pauta é o da Operação Calicute, que rendeu a pena mais alta a Cabral: 45 anos e dois meses por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e pertencimento a organização criminosa. O revisor do processo no TRF-2, desembargador Paulo Espírito Santo, marcou os julgamentos para 4 e 5 de dezembro.

Cabral acumula oito condenações — sete proferidas pelo juiz Marcelo Bretas e uma pelo juiz Sergio Moro — que totalizam mais de 183 anos de prisão. O ex-governador foi denunciado 26 vezes pelo Ministério Público Federal (MPF). O início do julgamento na segunda instância é importante, segundo a defesa, para entender a posição dos desembargadores em análises futuras.

— A posição que o TRF assumir agora vai irradiar efeitos para todos os outros processos — disse o advogado de Cabral, Rodrigo Roca.

Roca está escrevendo um livro sobre sua atuação no caso. Recomendou que o cliente também conte em uma publicação sua história, mas Cabral não demonstrou interesse.

— Meu viés não vai ser bastidor. Tem uma questão técnica, é um livro de filosofia da prática do Direito. Também terá meu lado como profissional, do que eu passei e ainda passo, da minha relação com o juiz, com o MPF e com próprio ex-governador — disse Roca, adiantando o título do livro: “Sem recurso — a defesa de Sérgio Cabral”.

Quatro livros sobre o ex-governador foram ou estão em vias de serem publicados. Roca diz não saber se o cliente leu as publicações. O emedebista, aliás, fez leituras como forma de remição de pena. Pelo programa, o preso deve, em até 30 dias, ler e escrever uma resenha crítica sobre um dos títulos disponíveis.

Ele ainda reduziu alguns dias na cadeia com o trabalho na biblioteca da Cadeia Pública Frederico Marques, em Benfica. Mas, desde abril, não conta mais com o benefício porque foi enviado para Bangu 8, onde não há biblioteca.

Na cadeia, Cabral tem recebido a visita dos filhos e da mãe, Magaly, e da mulher, Adriana Ancelmo, que deixou a prisão domiciliar em agosto. Embora possa agora circular livremente, ela tem optado por ficar a maior parte do tempo em casa, um amplo apartamento na Lagoa. A ex-primeira-dama costuma ir a Bangu 8 às quartas-feiras.

Do Jornal Extra