Moro adiou depoimento de Lula para ajudar Bolsonaro

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O esforço de Moro para calar Lula durante a campanha eleitoral foi tão grande que adiou o interrogatório dele nos processos a que responde e que ocorreriam no período eleitoral. O medo de Lula falar era tanto que o seu carrasco temia que ele mandasse recados políticos durante esses interrogatórios. Agora, Lula terá oportunidade de falar. Irá depor dia 14.

Em agosto, o juiz federal Sergio Moro passou de setembro para novembro o interrogatório do ex-presidente Lula no processo do sítio de Atibaia. Moro alegou que a data inicial, 11 de setembro, coincidiria com o período de campanha eleitoral.

Qualquer pessoa razoável haverá de se perguntar por que, diabos, um processo judicial-criminal deveria ser paralisado durante uma eleição. É contraproducente para o réu e para a acusação empurrar com a barriga o andamento de um processo.

A razão de Moro era muito simples. Os depoimentos e interrogatórios da Justiça Federal são gravados em vídeo e esses vídeos se tornam públicos. No caso de Lula, vídeos de suas manifestações à Justiça vão parar em todos os telejornais. Assim, se fosse interrogado durante a campanha ele poderia, por exemplo, usar um depoimento para dizer que apoiava Haddad.

Aí a razão para Moro adiar o depoimento do ex-presidente.

Tendo tido êxito a censura de Lula por Moro, resultando na eleição de Bolsonaro, e com o afastamento do pseudo magistrado para aderir ao governo daquele que ajudou a eleger tirando seu principal adversário do páreo, Lula pode, finalmente, voltar a falar publicamente.

O ex-presidente será interrogado no dia 14 de novembro pela juíza que substitui Sérgio Moro. O interrogatório será presencial e conduzido pela juíza Gabriela Hardt, que agora conduz a operação no lugar de Moro, futuro ministro da Justiça de Bolsonaro.

Durante o depoimento, Lula poderá mandar vários recados políticos, inclusive sobre o próprio juiz Sergio Moro, dizendo, por exemplo, que ficou provado que as decisões dele contra si tinham como objetivo ajudar Bolsonaro a se eleger, inclusive liberando a delação sem provas de Palocci perto da eleição presidencial em segundo turno.

O Brasil espera ansioso pelas palavras daquele que foi alvo da mais insidiosa, mais suja, mais covarde campanha de destruição moral e física que um brasileiro enfrentou. Não existe paralelo, na história brasileira, de uma campanha igual. É nesse contexto que, em menos de uma semana, o Brasil ouvirá, de novo, a voz da resistência sobre-humana personificada.

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