Nome de Bolsonaro para a Saúde teve voos pagos por empresa investigada

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Uma empresa de táxi-aéreo apresentou notas fiscais e recibos ao Ministério Público Federal (MPF) mostrando que o futuro ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), teve voos particulares pagos por uma empresa de informática investigada. O ministro indicado reconheceu ter feito voos sem pagar, mas disse que pediu o fretamento das aeronaves ao dono de um táxi-aéreo. A empresa de informática é suspeita de favorecimento durante a gestão de Mandetta na Secretaria de Saúde de Campo Grande (MS).

Segundo as investigações, que correm na Justiça Federal de Mato Grosso do Sul, já no final de sua gestão na secretaria, em 2009, Mandetta fez uma licitação de R$ 9,9 milhões para implementar um sistema de informática. O então secretário teria atuado, de acordo com investigadores, para garantir que a empresa Telemídia ganhasse o contrato, mesmo não tendo sido a primeira colocada na concorrência.

Os documentos  mostram que, meses depois de ter sido supostamente beneficiada por Mandetta no contrato milionário, a Telemídia pagou R$ 21 mil por uma série de voos da Amapil Táxi Aéreo realizados entre junho e julho de 2010 pelo já ex-secretário e então pré-candidato a deputado federal. Os recibos emitidos pela Amapil citam o empresário Rui Aquino, um dos sócios da Telemídia na ocasião, como contratante do fretamento.

Para os investigadores, as viagens seriam uma espécie de contrapartida pela atuação de Mandetta na Secretaria de Saúde.

Mandetta admitiu ter utilizado o táxi-aéreo e não ter pago por alguns trechos, mas disse que pediu os voos ao irmão do dono da empresa, que era seu amigo.

— Quando eu deixei a secretaria, eu me relacionei com a Amapil. Tinha um médico que era irmão do proprietário e era por meio dele que eu pedia (os voos). Paguei alguns para a Amapil, alguns foram amigos que me deram. Na época, não havia muita normatização. Viajei de carona, viajei dando gasolina e o cara dando o avião e o piloto — afirmou, sem especificar quais “amigos” teriam feito os pagamentos.

Mandetta disse, porém, desconhecer se a Telemídia arcou com o custo de voos.

— Aí é uma questão ligada lá com a Amapil. Na época, eu solicitava muito os voos para o irmão do proprietário. Ele falava “pode usar, não tem problema”. E a gente usou nessa fase de pré-campanha — disse.

Para os investigadores, o futuro ministro da Saúde não poderia, como integrante do secretariado da capital sul-mato-grossense, ter aceitado que uma das principais fornecedoras da gestão municipal pagasse suas despesas pessoais.

A PGR sustenta que houve “troca favores pessoais” relacionados à campanha de Mandetta em 2010.

A defesa da Telemídia afirmou que não irá comentar o caso. O dono da Amapil foi procurado, mas não retornou.

Do O Globo