Com medo de opositores, Bolsonaro exige três vezes mais seguranças que Dilma

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O presidente Michel Temer autorizou na sexta-feira o abate de aeronaves que invadirem o espaço aéreo de Brasília no dia 1º de janeiro, quando Jair Bolsonaro assumirá a Presidência da República, aumentando ainda mais o já reforçado esquema de segurança montado para uma solenidade de posse. Temer editou um decreto que define o centro da capital como área de segurança. O decreto terá validade de 24 horas, entrando em vigor a partir de zero hora do dia 1º de janeiro até a zero hora do dia 2. A palavra final sobre um possível ataque com o objetivo de destruir uma aeronave suspeita deverá ser do comando da Aeronáutica.

Segundo o texto, as aeronaves consideradas suspeitas devem ser submetidas a “medidas coercitivas progressivas”. Primeiro serão identificadas e, observado o seu comportamento suspeito, a Aeronáutica fará contato via rádio ou sinais visuais determinando a mudança de rota. Caso a aeronave não obedeça a este primeiro comando, os aviões da Aeronáutica que estarão fazendo a segurança poderão disparar tiros de aviso, com munição traçante. Se mesmo assim não houver resposta, a aeronave será considerada hostil e poderá ser abatida.

Para a operação, 12 bases terrestres ficarão instaladas pela Esplanada dos Ministérios e dois tipos de mísseis podem ser utilizados: o IGLAS, um míssil de fabricação russa capaz abater aeronaves em um raio de seis quilômetros; e o RBS 70, de origem sueca e considerado uns dos mais modernos, pois pode abater aeronaves em um raio de sete quilômetros, atingindo rápida velocidade. Este último, o RBS 70, foi adquirido recentemente pelo Exército Brasileiro e só teve autorização para ser utilizado durante a Olimpíada de 2016.

DEZ MIL HOMENS

O esquema de segurança do espaço aéreo é inédito em posses presidenciais e será executado por 130 militares do Exército e da Força Aérea Brasileira (FAB). No total, pelo menos 12 mil militares e policiais deverão participar do esquema de segurança a ser montado na Esplanada dos Ministérios para garantir a posse do presidente eleito. Na posse do segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014, quatro mil policiais e militares ficaram de prontidão.

A estrutura de proteção a Bolsonaro só não é maior que o esquema montado para receber o Papa Francisco, na Jornada Mundial da Juventude, em 2013. Pelo menos 14 mil militares e policiais reforçaram a segurança do Papa e dos fiéis presentes ao evento. Na visita do Papa, os seguranças tiveram que proteger aproximadamente 1,5 milhão de fiéis. Já na posse de Bolsonaro, a expectativa é que, no máximo, 300 mil pessoas compareçam à Esplanada. Trata-se de um número recorde para a posse de um presidente eleito, mas, ainda assim, é bem inferior à multidão que acompanhou o Papa no Rio.

Está definido que atiradores de elite vão se posicionar em pontos estratégicos dos prédios da Esplanada. Alguns vão se infiltrar na multidão. A ordem é buscar o grau máximo de vigilância para reduzir o risco de imprevistos, como aconteceu em 6 de setembro, em Juiz de Fora, quando Bolsonaro foi esfaqueado pelo garçom Adélio Bispo de Oliveira.

As ruas de acesso à Esplanada serão bloqueadas à meia-noite do dia 30 e só vão ser liberadas no dia 2. Ou seja, o bloqueio deve se estender por pelo menos 80 horas.

Tradicionalmente, a posse tem início com o desfile do presidente eleito em carro aberto na Esplanada dos Ministérios. Este ano, por questões de segurança, ainda não foi descartada a possibilidade de que ele vá em carro fechado. Ainda será feita uma avaliação sobre os riscos. De qualquer forma, uma coisa é certa: Bolsonaro usará um colete à prova de balas.

Drones proibidos

Os interessados em acompanhar a posse só terão acesso à Esplanada a pé. E ainda assim terão que passar por quatro barreiras. Os visitantes serão revistados. Os organizadores avisam que não será permitido o trânsito de pessoas com bolsas ou mochilas. Os seguranças não permitirão a passagem nem mesmo de pessoas com garrafas d’água.

Para evitar eventuais reclamações, os organizadores vão montar postos para distribuir água ao público. Vendedores ambulantes também estarão proibidos de circular pela área.

Como costuma acontecer em outras posses, a Aeronáutica deverá criar uma zona de exclusão aérea na Esplanada. Os militares estarão de olho especialmente em coibir, de forma enérgica, o uso de drones, considerados equipamentos de alto risco, sobretudo em cenários como o da posse de um presidente eleito.

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, reafirmou que não haverá bloqueio de celulares. Segundo ele, não há meios eficazes de impedir o uso dos equipamentos em áreas abertas.

Numa entrevista ao GLOBO, Etchegoyen argumentou que o presidente eleito foi alvo de um ataque durante a campanha e, por isso, é necessário redobrar os cuidados. Apesar da atenção especial com a segurança, o general acredita que a posse será uma festa com maciça presença de apoiadores do presidente eleito e sem maiores percalços.

Ele lembrou que Bolsonaro teve votação expressiva em Brasília e que os hotéis da cidade estão com aproximadamente 80% das vagas ocupadas para o fim do ano.

— Tudo indica que teremos uma festa tranquila — afirmou o general.

De O Globo