Mourão será o Temer de Bolsonaro

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Um dos milicos que Bolsonaro enfiará em seu (des)governo, o general Mourão, vem sendo chamado de “Grilo Falante” devido às críticas que tem feito a atos e escolhas do titular da chapa que os brasileiros elegeram no fim de outubro. Mourão tem tudo para desempenhar contra Bolsonaro o mesmo papel que Temer desempenhou contra Dilma Rousseff.

Neste 10 de dezembro, Jair Bolsonaro e o generalíssimo Hamilton Mourão foram diplomados presidente da República e vice-presidente pelo Tribunal Superior Eleitoral. Esse é o primeiro capítulo de um governo que, pelo andar da carruagem, vai dar muito o que falar nos próximos quatro anos.

Os escândalos envolvendo o presidente eleito e sua família se avolumam. Após a descoberta de que o motorista-segurança-assessor do filho mais velho de Bolsonaro teve uma movimentação financeira milionária em sua conta bancária apesar do salário modesto, surge mais uma denúncia.

A dúvida agora paira sobre o patrimônio declarado da família Bolsonaro. Segundo a revista Época, o presidente eleito e seus três filhos dizem acumular 6,1 milhões em bens, apesar de viverem exclusivamente de seus salários (exceto Flávio que também é sócio de uma fábrica de chocolates).

Todos os Bolsonaro tiveram uma curva de crescimento patrimonial acentuada. A família é dona de 13 imóveis no Rio de Janeiro que somam, em valor de mercado aproximado, 15 milhões de reais pela localização privilegiada: Rio Copacabana, Barra da Tijuca e Urca, segundo a Época.

E quem pensa que esses escândalos serão aproveitados pela oposição, não está completamente certo. Claro que a oposição fará com Bolsonaro o que ele fez com seus adversários quando estavam no poder, mas o ataque mais mortífero deve vir de quem ele não espera – ou não esperava.

Desde que foi indicado para vice na chapa de Bolsonaro, Hamilton Mourão notabilizou-se por falar mais do que a boca, a ponto de, durante a campanha eleitoral, o então candidato da extrema-direita ter tido que pedir ao seu candidato a vice para que fechasse a matraca.

A atitude de Mourão, já durante a campanha, mostrou que ele pretende ocupar espaços no novo governo quer o titular queira, quer não. E continuou falando durante e, agora, após a campanha eleitoral. E o que é pior, fazendo críticas indiretas às escolhas bolsonárias e aos problemas do presidente eleito com a lei.

Em declaração de sentido dúbio de Mourão à jornalista Míriam Leitão sobre seu lugar como futuro vice-presidente de Bolsonaro, Mourão disse: “Estou aqui para substituir o presidente, por isso acompanharei todos os assuntos de governo, pensarei em soluções, para estar preparado”.

Para que se possa mensurar as puxadas de tapete de Mourão contra Bolsonaro, o governo nem começou, mas o Temer bolsonário já começou a desautorizar seu titular. Pouco após Onyx Lorenzoni ter sido escolhido por Bolsonaro como ministro-chefe da Casa Civil, Mourão o demitiu pela imprensa caso fique comprovado que ele fez o que confessou: caixa 2

Agora, com o escândalo do Coaf colocando a família Bolsonaro contra a parede, Mourão criticou Onyx Lorenzoni por se esquivar de falar sobre o caso e colocou a família presidencial em situação complicada ao dizer que há algo de podre nessa história.

O governo Bolsonaro terá tantos militares no ministério quanto Costa e Silva em 1967, diz o Diário Catarinense.  Até o momento, foram nomeados sete integrantes das Forças Armadas para o cargo de ministro. Bolsonaro igualou a maior quantidade de fardados nos ministérios durante ditadura que vigorou no Brasil de 1964 a 1985.

Ao mesmo tempo, militares e políticos aliados do capitão reformado do Exército cobram explicação ‘convincente’ sobre o ex-assessor citado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), insinuando que, até aqui, as explicações bolsonarianas não foram convincentes.

Alguém discorda dos milicos?