Angelo Coronel propõe montar equipe de “ministros paralelos” no Senado

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Eleito senador pela primeira vez no ano passado, Angelo Coronel (BA), 60, quer ser presidente do Senado com ou sem apoio de seu partido, o PSD. Uma de suas propostas é escalar uma equipe de “ministros paralelos”, senadores que fariam um contraponto à equipe de Jair Bolsonaro.

“Poderíamos eleger o Renan Calheiros [MDB-AL] como o ministro paralelo da Justiça. O Renan é um regimentalista, entende muito de leis, já foi ministro da Justiça. Vai ser uma pessoa com saber notório para discutir com Sergio Moro. Se o Moro apresentar algo que não seja a contento, o Renan pode mandar uma ideia propositiva para ele. Vai ser um bom debate”, exemplifica o parlamentar eleito, que nega que sua intenção seja fazer oposição.​

“Não é fazer oposição. É debater. Muitas vezes você traz o assunto para as comissões temáticas e o presidente da comissão fica sendo um mediador dos debates. Quando você cria a figura do ministro paralelo, ele faz as operações propositivas pontuais, vai trabalhar efetivamente naquelas pautas que o ministério está colocando para a sociedade. Não é uma prática no presidencialismo. Mas, do jeito que estamos hoje, acho que ela se adequa”.

Disposto a enfrentar nomes fortes do Senado, o estreante, que até então presidia a Assembleia Legislativa da Bahia, diz acreditar que nenhum dos candidatos tem votos suficientes para liquidar a eleição no primeiro turno.

“Vou pagar para ver se tem estes votos no primeiro turno mesmo. No voto secreto a coisa é diferente”, afirma Coronel.

Angelo Mario Coronel De Azevedo Martins foi eleito na chapa do governador Rui Costa (PT), assim como o outro senador pela Bahia, Jaques Wagner (PT).

Apesar disso, diz que pretende estabelecer uma relação tranquila com Bolsonaro.

“Irei atender o presidente da República como atenderia qualquer outro presidente. Sou brasileiro, quero que o Brasil acerte, volte a crescer. As pautas que forem importantes para o país, não serei oposição ao presidente da República”, afirmou.

Crítico da interferência da Justiça no Legislativo —”Judiciário se meta com Judiciário”—, ele diz que atenderá Bolsonaro “como atenderia qualquer outro presidente” e faz críticas à estratégia de articulação política do Palácio do Planalto de trabalhar com ex-deputados e ex-senadores no Congresso para fazer a ponte de parlamentares com o Executivo. Para ele, trata-se de espionagem.

“A partir do momento que algum governo colocar ex-membro da Casa infiltrado para fazer até o papel de espião, isso, ao meu ver, não vai dar certo”, afirma o senador.

Coronel defende uma reforma da Previdência com idades mínimas variadas, de acordo com grupos de atividade profissional, e se diz a favor da redução da maioridade penal, proposta que está no Senado e pretende desengavetar.

Na pauta de costumes, o senador eleito faz ponderações. É o caso de seu posicionamento em relação ao aborto.

“Se é para flexibilizar, que se mude a Constituição. Eu sou a favor da vida. Se for algum problema de cérebro ou caso de estupro, a Constituição já reza sobre isso. Agora, acho também que tem que se ter a responsabilidade. Você não pode abortar porque em algum momento feliz, de amor, você faz um filho e depois se arrepende, no decorrer do tempo”.

Da FSP