Com estado quebrado, prioridade de Witzel é construir uma ‘Guantánamo’ no RJ

Todos os posts, Últimas notícias

O novo secretário de Polícia Civil do Rio, delegado Marcus Vinicius Braga, foi empossado nesta quinta-feira na Cidade da Polícia, no bairro do Jacaré, na Zona Norte do Rio. O governador Wilson Witzel participou da cerimônia e, mais uma vez, foi enfático – e polêmico – ao falar sobre o crime organizado no Rio de Janeiro. Desta vez, Witzel citou a prisão militar dos Estados Unidos na ilha de Guantánamo, em Cuba.

– Eles estão sambando na nossa cara, estão nos desafiando. Não podemos fazer disso uma guerra. Temos que fazer segurança pública. Mas esse que leva o fuzil é o elo mais fraco de corrente. Por isso vamos investigar o elo mais forte, que é quem coloca o fuzil, quem dá o dinheiro. Esses que estão de fuzil na mão nas comunidades são terroristas, e como terroristas devem ser tratados. A lei antiterrorismo pode dar penas de 50 anos, em estabelecimentos prisionais destacados, longe da civilização. Precisamos ter a nossa Guantánamo – disse à plateia, formada por policiais civis.

O novo secretário de Polícia Civil do Rio, delegado Marcus Vinicius Braga, anunciou, durante discurso em a cerimônia que o Núcleo de Investigação de Morte de policiais da Delegacia de Homicídios (DH) será reforçado.

– Cada morte de policial tem que ser investigada como prioritária no governo. Não vão mais matar policiais – afirmou o novo secretário. Para ele, há sustentação jurídica para o eventual abate de criminosos defendido pelo governador.

– O artigo 25 do Código Penal abarca situações de perigo iminente. A sustenção jurídica é do Código Penal. Não sou eu que estou dizendo – concluiu.

Atualmente, o Núcleo conta com um delegado, Marcelo Carregosa, e receberá mais dois delegados, segundo Braga. Marcus Vinicius ressaltou ainda, em seu discurso, que a Defensoria Pública do estado defenderá os policiais civis em processos judiciais. Ele anunciou também que a Polícia Civil contará com um Departamento Geral de combate à corrupção e ao crime organizado do Rio, que contará com 80 policiais civis.

Durante a passagem do cargo, o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil, afirmou que a investigação da morte da vereadora Marielle Franco e de seu motorista será concluída.

– O caso da juíza Patricia Acioli foi solucionado, o do pedreiro Amarildo também, e o caso do motorista Anderson e da vereadora Marielle será solucionado. No momento certo, a investigação falará por si só. A Polícia Civil é surpreendente.

Rivaldo elogiou a decisão do governador Wilson Witzel de retornar com a Draco (Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais) e a SSINTE (Subsecretaria de Inteligência) para a Polícia Civil. Desde 2011, ambas passaram a ser subordinadas à Secretaria de segurança, que será extinta. Ele foi aplaudido de pé por policiais e delegados que estavam na plateia.

– A Draco e a SSINTE voltam para a sua casa, a Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro. Isso é uma conquista.

A iniciativa também foi elogiada por Marcus Vinicius. Witzel comentou a decisão.

– Isso evita que algumas situações desnecessárias sejam levadas para a delegacia. É inconstitucional ter uma delegacia dentro de uma estrutura que não é dirigida por um delegado de polícia. Estamos ousando com responsabilidade – concluiu o governador.

Durante a cerimônia, Witzel também anunciou, sob aplausos, a inclusão do juiz Alexandre Abrahão no Conselho de Segurança do governo.

CITADA POR WITZEL, GUANTÁNAMO É CONHECIDA POR RIGIDEZ E TORTURAS

A prisão de Guantánamo — presídio norte-americano de segurança máxima, construído em 2002 na ilha de Cuba— é conhecida por sua política rígida, que inclui práticas de torturas. Entre os reclusos, estão supostos líderes dos atentados às torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001.

As ilegalidades foram alvo de duras críticas internacionais ao longo dos anos. Em 2007, George W. Bush, ensaiou uma tentativa de fechamento da base, mas não prosperou. Já no mandato Barack Obama, o então presidente assinou um decreto colocando fim aos abusos durante os interrogatórios. Em janeiro, porém, Donald Trump decidiu manter a penitenciária aberta.

Atualmente, Guantánamo possui 40 detentos, mas já chegou a abrigar 800 prisioneiros de 44 nacionalidades diferentes.

Do Jornal Extra