EUA articulam golpe para pôr as mãos nos mais de 300 bilhões de barris de petróleo da Venezuela

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Mais de 300 bilhões de barris de petróleo – estoque suficiente para suprir quase três décadas dos Estados Unidos — a apenas três ou quatro dias de viagem, em transporte marítimo, dos portos norte-americanos do Golfo do México.

É isso que está em jogo nos ataques contra o governo legitimamente eleito da Venezuela: o controle sobre as colossais jazidas de petróleo daquele país, “que representam 1/5 das reservas provadas de todo o planeta”, aponta o geólogo Guilherme Estrella, ex-diretor da Petrobras e o grande responsável pela descoberta do pré-sal brasileiro.

Estrella lembra que os Estados Unidos, como todas as nações industrializadas e hegemônicas, não produzem petróleo suficiente para manter seu padrão de desenvolvimento e o bem-estar de sua população.

Áreas de influência

Os EUA dependem de reservas de outros países para manter suas economias a pleno vapor e isso é determinante em sua política externa. Assegurar “áreas de influência” por todo o planeta — e ter os recursos naturais desses países à disposição — é estratégico para que os norte-americanos preservem seu padrão de vida e poderio.

Os EUA consomem 20 milhões de barris de petróleo por dia — 25% desse montante, ou cinco milhões de barris/dia, precisam ser importados.

O petróleo do Oriente Médio, onde os EUA já têm larga tradição de intervenções — com resultados sangrentos, como na Líbia, Síria e Iraque — leva de 35 a 45 dias para ser transportado, por mar, até os portos norte-americanos. A Venezuela, ao contrário, é “logo ali.

Segurança energética

“Embora se venha avançando muito no desenvolvimento de fontes alternativas de energia, o Século 21 ainda será um século movido a petróleo”, explica Guilherme Estrella

Apesar do largo desenvolvimento de fontes alternativas, os combustíveis fósseis ainda respondem por 70% da energia utilizada em todo o mundo — só o petróleo e o gás natural garantem 50% de todo o combustível usado no planeta. “Segurança energética é um componente essencial da soberania”, ressalta Estrella.

A ação coordenada contra o governo legitimamente eleito da Venezuela, portanto, não tem qualquer relação com a defesa da democracia. “O que existe é a combinação de interesses econômicos e geopolíticos”, aponta a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT).

Essa é a grande razão para que os Estados Unidos — secundados por governos de direita da América Latina — trabalhem abertamente pela deposição do presidente venezuelano Nicolás Maduro. “O alvo é o petróleo”, resume Gleisi.

Maduro foi eleito com expressivos 67% dos votos, concorrendo com três candidatos oposicionistas. Uma comissão externa independente acompanhou e atestou a lisura do pleito. “Não tenho dúvida de que os venezuelanos votam livremente”, concluiu o ex-presidente do governo da Espanha José Luiz Zapatero, que integrou essa comissão.

Do PT na Câmara