Extrema-direita alemã quer criar patrulha para vigiar refugiados

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Um partido de extrema-direita alemão, o NPD (Partido Democrático Nacional da Alemanha), ameaçou criar patrulhas de vigilantes para “proteger” áreas onde, segundo eles, a polícia não estaria fazendo o suficiente para impedir crimes cometidos por imigrantes.

Um vídeo do NPD no Facebook mostra como funcionaria essas patrulhas na Baviera.

Organizar grupos de justiceiros é ilegal na Alemanha e, dependendo de como agirem, membros das patrulhas podem ser detidos e processados.

A ameaça do NPD foi feita após uma briga envolvendo pessoas em busca de asilo no sábado em Amberg, no norte da Baviera, deixar 12 feridos.

Na quinta, um escritório de outro partido de extrema-direita, a AfD (Alternativa para a Alemanha), foi danificado por uma explosão. O ataque, na cidade de Döbeln, não feriu ninguém.

Nas eleições de 2017, aAfD entrou pela primeira vez no Parlamento alemão, ganhando 94 assentos.

O NPD é menor e só conseguiu cargos em assembleias regionais. Mas tem um deputado, Udo Voigt, no Parlamento Europeu, em Bruxelas. O NPD é amplamente visto como um partido neonazista e houve várias tentativas de bani-lo.

Os quatro jovens refugiados suspeitos de ferir 12 pessoas com chutes e socos em Amberg estão sob custódia da polícia. A rádio BR, da Baviera, afirmou que um jovem de 17 anos foi internado em um hospital por causa dos ferimentos.

Os refugiados – supostamente dois afegãos, um sírio e um iraniano – estariam bêbados durante o episódio.

O representante do NPD na região de Nuremberg, Axel Michaelis, disse à BBC que seu partido “lançou a iniciativa de criar ‘zonas de proteção’ há seis meses”.

“Nossa presença vai dar aos cidadãos uma maior sensação de segurança, especialmente em áreas urbanas afetadas pelo crime”, disse ele. “Os policiais estão fazendo o seu melhor, mas a criminalidade, especialmente a cometida por refugiados, saiu do controle.”

O índice de criminalidade na verdade caiu em 10% na Alemanha em 2017, de acordo com dados divulgados pelo Bundeskriminalamt (escritório da polícia federal criminal da Alemanha). É a queda mais abrupta em 25 anos, segundo a Deutsche Welle. Os dados de 2018 ainda não foram divulgados.

Em 2017, as pessoas classificadas como “em busca de asilo, refugiados de guerra ou imigrantes ilegais” foram cerca de 8,5% do total de suspeitos de crimes, ainda de acordos com dados do Bundeskriminalamt.

Para o criminologista Dominic Kudlacek, da Unidade de Pesquisa Criminológica da Baixa Saxônia, refugiados também são frequentemente as vítimas desses crimes. Segundo ele, boa parte do crime que essa parte da população comete, especialmente crimes violentos, são cometidos contra outros refugiados.

A polícia de Amberg disse à BBC que não havia evidências até agora de patrulhas do NPD na cidade, mas que está investigando as afirmações do partido.

Em uma entrevista ao Der Spiegel, o prefeito de centro-direita Michael Cerny disse que houve uma “reação exagerada” à violência de sábado.

Ele acusou o NPD de tentar explorar a situação politicamente. “Agora eles querem desacreditar o trabalho da polícia. Mas a polícia tem feito um bom trabalho”, disse ele.

A Alemanha ficou alarmada em agosto passado quando militantes de extrema-direita começaram uma onda de protestos na cidade de Chemnitz, depois da morte de um alemão descendente de cubanos em uma briga com imigrantes.

Muitos dos manifestantes entraram em confronto com a polícia.

Também houve protestos contrários organizados por grupos de esquerda.

No oeste do país, um homem de 50 anos está preso por tentativa de assassinato motivada por racismo. Ele lançou seu carro contra grupos de estrangeiros no Réveillon, na cidade de Essen.

Nove pessoas, incluindo crianças, ficaram feridas. Uma mulher síria precisou de cirurgia e chegou a correr risco de morte.

O suspeito, Andreas N. (seu sobrenome não foi divulgado), tem histórico de doença mental, segundo a imprensa alemã. O jornal Süddeutsche Zeitung diz que ele admitiu que seu alvo eram estrangeiros.

Da FSP