Grileiros já estão invadindo terras indígenas

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O vácuo e a paralisia decisória que acontecem neste início de governo estão incentivando a invasão de terras indígenas. O governo enfraqueceu a Funai e transferiu poderes de demarcação e de licenciamento em terras indígenas para o Ministério da Agricultura . Além disso o próprio presidente fez várias declarações sobre redução das terras indígenas. Com esses sinais, os grileiros se aproveitam.

Houve invasão na terra dos Uru-eu-wau-wau, em Rondônia. A situação é perigosa. No Maranhão, as terras dos Awá Guajá e e a Terra Caru dos Guajajara também também estão em risco. Conversei com pessoas nas aldeias, que não por acaso são os espaços remanescentes da floresta amazônica no Maranhão. O cacique Antonio Guajajara, do Caru, conta que foi criado em 2014 o grupo Guardiões da Floresta. Foi uma época em que invasores foram retirados da região. Nesse fim de semana, os grileiros fizeram uma reunião para voltar a atacar. Antonio Guajajara conta que o risco é enorme. Os sinais de uma invasão são cada vez maiores. Os invasores estão derrubando a floresta. E atacam exatamente na área dos índios mais vulneráveis, os Awá Guajá.

O presidente Jair Bolsonaro disse que não haverá novas demarcações de terras indígenas e reclamou do tamanho das que já foram demarcadas. Perguntei ao ministro Santos Cruz, da Secretaria de Governo, se todos esses sinais não poderiam ser interpretados pelos grileiros como ordem para invadir. Ele me disse em entrevista que achava um absurdo pensarem assim e que o governo vai combater invasões tanto, por exemplo, do MST em áreas privadas quanto de grileiros em terras públicas e indígenas. Pois as invasões estão acontecendo.

Semana que vem o presidente vai a Davos, no Fórum Econômico Mundial. Vai se encontrar com a elite econômica, e ela também está de olho nestes temas. Economia, direitos humanos e meio ambiente são questões que hoje estão unidas.

Do O Globo