Juiz da Lava Jato e Witzel pegam carona em voo da FAB para posse de Bolsonaro

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O juiz Marcelo Bretas, responsável pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, pegou uma carona no voo da FAB (Força Aérea Brasileira) a convite do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), para participar nesta terça-feira (1º) da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro.

O magistrado é cotado para ser indicado pelo novo presidente a uma das próximas vagas a serem abertas no STF (Supremo Tribunal Federal). Os ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello completarão 75 anos em 2020 e 2021 e terão de deixar o cargo. As vacâncias ocorrem no período de mandato de Bolsonaro —o presidente é responsável pela indicação a ser submetida ao Senado.

Bretas disse à Folha que foi convidado por Bolsonaro para as solenidades nos palácios do Planalto e do Itamaraty. Maia, por sua vez, o convidou para a posse no Congresso Nacional.

O juiz já se reuniu com o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente eleito, em novembro. O magistrado, contudo, negou que a vaga no STF tenha sido tema da conversa.

Bretas foi a Brasília acompanhado da esposa, a juíza federal Simone Bretas, e do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).

Bretas disse não considerar que tenha havido conflito de interesse ao pegar carona no avião da FAB.

“Eu acho que não [tem conflito de interesse] Sou uma autoridade federal”, disse, ao chegar ao Palácio do Planalto. “Não se esqueça que sou juiz de primeira instância”, acrescentou.

Bretas, que ao longo da campanha eleitoral curtiu postagens do novo presidente nas redes sociais, disse estar “muito satisfeito” com o momento atual do país. “Parabenizo quem está assumindo e desejo muito que dê certo”, afirmou.

O responsável pela Lava Jato fluminense também participou da posse de Witzel, de quem é amigo, na Assembleia Legislativa. Sentou-se no plenário ao lado dos secretários José Luís Cardoso Zamith (Governança) e Gutemberg de Paula Fonseca (Governo).

Witzel e Bretas afirmam que cortaram contato quando o governador oficializou suas pretensões políticas, em março. O objetivo era evitar rumores de que a condução da Lava Jato no período eleitoral pudesse sofrer alguma acusação de viés político.

Fato é que, sem qualquer evidência de intenção de interferência no processo eleitoral, atos da Justiça Federal afetaram adversários do ex-juiz ao longo da campanha.

A três dias da eleição, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), derrotado no segundo turno, foi acusado pelo ex-secretário Alexandre Pinto de coordenar fraudes a licitações em grandes obras e receber propina em depoimento a Bretas.

Anthony Garotinho (PRP), por sua vez, foi condenado criminalmente mês passado pelo TRF-2, ao qual Witzel era ligado.

Ao longo da campanha eleitoral, Bretas curtiu postagens de Bolsonaro no Twitter. O magistrado negou apoio ao então candidato, citando curtidas que deu a mensagens da ex-ministra Marina Silva (Rede), adversária do presidente eleito na disputa.

“Entendo que, ao ‘curtir’ uma postagem, apenas manifesto minha concordância com determinado tema ou proposta, sem que isso represente um apoio a qualquer candidato. Eventualmente apoio ideias, mas não pessoas ou candidatos”, disse ele à época.

Na madrugada desta terça Bretas postou no Twitter uma imagem de mãos aplaudindo ao compartilhar mensagem de Bolsonaro que dizia: “Nos vemos na posse. Um forte abraço!”

“Parabenizei o novo Presidente do Brasil, desejando sucesso em sua gestão”, disse sobre a postagem.

Da FSP