Kim Kataguiri disputará eleições na Câmara, mesmo com candidatura de Maia

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Mesmo após o PSL fechar apoio à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para presidência da Câmara dos Deputados, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) mantém sua candidatura para disputar com o correligionário.

Em vídeo publicado no Youtube no último sábado (5), o cofundador do MBL (Movimento Brasil Livre) confirmou sua intenção sobre a eleição no início de fevereiro. “Mantenho minha candidatura. Sou parlamentar independe. Não sigo lideranças partidárias. Não sigo caciques partidários. Tenho uma ideologia e sou respeitado por meus colegas, inclusive pelo próprio Rodrigo Maia”, disse.

Na última quarta-feira (2), o partido do presidente Jair Bolsonaro rompeu com neutralidade e decidiu apoiar o atual presidente da Casa. Em troca, o democrata prometeu ao PSL a presidência do principal colegiado da Casa, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), assim como o comando da Comissão de Finanças e Tributação, e um cargo na Mesa Diretora.

Com a aliança, DEM e PSL somam 81 deputados. Maia contará ainda com o apoio do PSD, com 34 parlamentares.

O acordo inclui também a disposição do democrata em pautar a agenda do Palácio do Planalto. A prioridade serão projetos na área econômica, com destaque para reforma da Previdência. A aprovação da mudanças nas regras de aposentadoria é vista pelo mercado como critério definitivo para avaliar o sucesso do novo governo.

No vídeo, Kim defende a aprovação de uma reforma mais dura do que a apresentada pelo governo de Michel Temer, com um “sistema de capitalização que todos sejam iguais”.

O deputado diz que sua candidatura não é só para marcar posição e que tem buscado apoio de deputados do PSL e de outros partidos. “Ninguém faz nada sozinho na Câmara dos Deputados. Não importa a quantidade de likes que tem o MBL. Que tem a minha página. Isso vale zero dentro da Câmara dos Deputados. O que interessa é o diálogo”, afirmou.

Com 22 anos e no primeiro mandato, há dúvidas sobre a legalidade de Kim se lançar na disputa. A Constituição Federal estabelece 35 anos como idade mínima para se candidatar à Presidência da República e o presidente da Câmara está na linha sucessória do comando do Palácio do Planalto. Por outro lado, técnicos da Casa entendem que a candidatura estaria liberada porque não há essa limitação etária no regimento interno.

Apesar de crítico da velha política, o parlamentar defendeu que o PSL tenha o comando da CCJ e da comissão de Finanças devido ao tamanho da bancada e disse respeitar a aproximação de Maia com a sigla. “Ele é um cara de centro que cede à pauta da direita ou da esquerda de acordo com o momento político”, disse o cofundador do MBL.

Dentro do PSL, alguns integrantes são críticos a Maia. O acordo entre o partido e o democrata foi fechado sem consulta à bancada, pelo presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PSL-PE), e pelo líder da bancada, deputado Delegado Waldir (PSL-GO). Apesar da aproximação, não há garantia de como serão os votos porque a eleição é secreta.

Em vídeo publicado em seu perfil no Facebook, a deputada Carla Zambelli(PSL-SP), afirmou que o democrata é o “único candidato que consegue conversar com a esquerda e com a direita”, o que pode ser determinante para aprovação da reforma da Previdência, mas ressaltou que, como ativista, é contra sua reeleição. “Ele representa a velha política. Não é uma pessoa que me gera confiança. Já aprovou pautas bombas que não eram boas para o Brasil.”

Para chegar ao comando da Casa, Maia contou com o apoio de partidos mais alinhados à esquerda, em troca de garantir que pautas conservadoras ligadas a direitos LGBT e de mulheres não chegassem ao plenário. Por esse motivo, ele era visto como o candidato de alguns deputados do PCdoB e PT nos bastidores. Juntos, PT, PSB, PDT, PSol e PCdoB somam 135 integrantes.

Diante das negociações dos últimos dias, o PSol lançou Marcelo Freixo (PSol-RJ) para a disputa, mas seu nome pode ficar isolado entre os partidos progressistas. Legendas como PCdOB, PDT e PT têm apostado em uma visão mais pragmática, que garanta cargos na Mesa e comando de comissões estratégicas, o que pode levá-los a apoiar o democrata.

Além de Maia e Freixo, outros dos principais nomes na disputa são os deputados Capitão Augusto (PR-SP), presidente da bancada da bala com candidatura avulsa, sem apoio do PR. No MDB, os nomes são Fábio Ramalho (MDB-MG), vice-presidente da Câmara, e Alceu Moreira (MDB-RS), da bancada ruralista. Quarta maior bancada, o MDB estuda se unir ao PP, que decidiu ficar fora do bloco de Maia.

Do Huffpost