Mercados criticados por Bolsonaro sustentam o agronegócio

Todos os posts, Últimas notícias

Os recentes números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) sobre o agronegócio mostram que o presidente Jair Bolsonaro tem de ficar muito atento quando emitir opiniões ou comentários sobre países parceiros do Brasil.

Um deslize nessa área poderá retirar do mercado grandes importadores desse setor. Vale lembrar que as vendas externas de produtos brasileiros para alimentação humana e animal somaram US$ 81 bilhões em 2018.

Considerados outros produtos do agronegócio como celulose, tabaco e couros, as receitas beiram os US$ 100 bilhões.

Queira ou não, o país vai ter de se acostumar ao gigantismo da China, país que traz medo ao novo presidente devido aos pesados investimentos que faz no Brasil e já foi alvo de críticas.

Após se transformarem, de longe, nos líderes nas compras de soja, os chineses avançam também sobre outros produtos importantes da balança comercial brasileira.

Já estão entre os principais importadores de carnes bovina, suína e de aves, além de outros produtos.
O bloco da Ásia, liderado pela China, importou do Brasil, em 2018, o correspondente a US$ 44 bilhões em alimentos em forma de grãos e proteínas: 17% acima de 2017.

A Europa manteve o patamar de compras. Os países da região, no entanto, têm grande relevância na importação de produtos brasileiros para alimentação humana e animal.

Muito atentos às questões ambientais durante a produção, os países europeus ficaram com US$ 15 bilhões das exportações brasileiras do setor alimentar em 2018.

O novo governo também precisa ficar atento às relações comerciais com o bloco do Oriente Médio, que comprou US$ 7,2 bilhões em alimentos no Brasil em 2018.

A América do Norte —que tem os Estados Unidos como espelho político para o governo de Jair Bolsonaro— recuou 4% nos gastos com compras de produtos alimentares brasileiros, totalizando, em 2018, US$ 4,3 bilhões.

Já o Mercosul, que poderá não ser prioritário na agenda econômica do novo governo, elevou as importações para US$ 1,7 bilhão, 23% mais.

Os africanos perderam participação nas vendas brasileiras do setor de agronegócio. Após compras no valor de US$ 6,93 bilhões em 2017, reduziram os gastos para US$ 5,2 bilhões no ano passado.

O setor do agronegócio acompanha com atenção os passos de Jair Bolsonaro. Uma atitude do governo brasileiro que não seja bem-aceita pelos importadores poderá reduzir o grande mercado conquistado, a duras penas, nos anos recentes.

As importações de carne bovina brasileira pela China atingiram US$ 1,49 bilhão no ano passado, 60% mais do que em 2017. Com isso, o país assumiu a liderança nas compras dessa proteína, segundo a Abiec (associação do setor).

No setor de aves, A China quase desbancou a Arábia Saudita. As vendas brasileiras para os chineses somaram US$ 804 milhões, e as para os sauditas, US$ 811 milhões.

Com a saída da Rússia do mercado brasileiro, em 2018, a China também assumiu a liderança na compra de carne suína. O país despendeu US$ 306 milhões no Brasil com esse produto.

A importação de carne suína brasileira por Hong Kong, ao somar US$ 302 milhões, ficou um pouco abaixo da feita pela China. Juntos, China e Hong Kong compraram 316 mil toneladas dessa proteína no Brasil, segundo a ABPA (associação do setor).

Da FSP